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Autuori respalda Gustavo Henrique, mas zagueiro desabafa e ensaia adeus ao Santos

16/10/2019

Na mesma manhã de quarta-feira em que o Santos fechou a sua preparação para enfrentar o Ceará, nesta quinta, às 19h15, na Vila Belmiro, pelo Brasileirão, o CT Rei Pelé foi palco de um pronunciamento do superintendente de futebol do clube, Paulo Autuori, que veio a público para respaldar a continuidade de Gustavo Henrique atuando pelo time depois de uma polêmica relacionada às negociações para renovação do contrato do jogador.

O dirigente negou que exista qualquer possibilidade de o defensor ser afastado do elenco alvinegro por ainda não ter chegado a um acordo para acertar a sua permanência no Santos e exibiu esperança na possibilidade de reforma do compromisso com o atleta, que tem vínculo com a equipe até janeiro de 2020. Mas o executivo também deixou clara a sua insatisfação com a demora da diretoria do clube para tentar fechar um novo contrato com o zagueiro. Demora ocorrida antes de ele assumir o seu cargo, em julho.

“Em termos de imprensa, se falou sobre a possível renovação com o Gustavo e de o clube permitir ou não que ele jogasse. Isso só iria acontecer (de o defensor não atuar por essa indefinição contratual) se eu não estivesse aqui. Comigo aqui ele vai jogar. A única pessoa que pode dizer se ele joga ou não joga é o técnico (Jorge Sampaoli), por motivo técnico ou tático. Enquanto eu estiver aqui, o jogador vai jogar, porque tem uma história com o clube, porque já renovou três vezes o contrato com o clube”, ressaltou Autuori, para em seguida enfatizar que a possível saída de Gustavo Henrique, se for concretizada, em muito será motivada pela falta de empenho da direção anteriormente na luta para segurá-lo na Vila Belmiro.

“Se não houver uma continuidade, será por erro de planejamento do clube e por não fazer as coisas com uma antecipação necessária, ok?”, completou. “Ele vai jogar por reconhecimento a um profissional de alto nível que ele é… Se querem afastar o Gustavo, vão ter de passar por cima de mim e que me afastem primeiro. Enquanto eu estiver aqui, ele joga”, prometeu.

TOM DE ADEUS – Logo após Autuori dar o seu breve pronunciamento e não abrir espaço para perguntas dos jornalistas, Gustavo Henrique começou a dar a sua entrevista coletiva, na qual também escancarou a sua insatisfação por considerar que não foi valorizado pelo clube como deveria. E o jogador falou em tom de despedida ao projetar o seu futuro.

“Sobre o contrato, vim para esclarecer algumas coisas. Já no final do ano passado, estava querendo renovar e não obtive respostas, comecei o ano na incerteza sobre se ficaria no clube ou não. Até porque muitos sabem que eu não estava nos planos do Sampaoli. Coloquei na minha cabeça que tinha condição de jogar aqui e tinha condições de jogar com o Sampaoli. Tivemos um final de ano ruim (em 2018), talvez ele deve ter visto nossos vídeos, meus e de outros jogadores fora dos planos dele. E coloquei na minha cabeça que eu queria ficar, queria mostrar para mim mesmo que eu poderia jogar. Trabalhei duro, fizemos um Campeonato Paulista bom, fui eleito um dos melhores zagueiros e fui conquistando a confiança novamente”, disse o zagueiro.

Pouco depois, ele exaltou a sua decepção com a direção alvinegra ao lembrar que fez um bom Campeonato Paulista e foi eleito um dos melhores zagueiros da competição, fato que mesmo assim não motivou o clube a tentar acertar a renovação do seu vínculo antes do período de seis meses para o fim do compromisso, período em que ele passou a ficar livre para assinar um pré-contrato com qualquer outro time.

“Esperava que a diretoria entrasse em contato comigo para a renovação do contrato, sendo que só faltavam sete meses para o término do contrato, mas não fui chamado. Continuei trabalhando, evoluindo, o nosso treinador é muito bom e aumentou o nível de todo mundo aqui. Eu creio que neste ano estou fazendo um dos melhores anos de minha vida, senão o melhor… E só eu sei o que eu sofri, e minha família também, para superar as lesões”, desabafou.

SONHO EUROPEU – E o tom de adeus ao Santos ficou claro quando Gustavo Henrique comentou sobre o seu desejo de atuar no futebol europeu. “Sempre manifestei meu desejo de jogar um dia na Europa e fui procurado por alguns clubes do Brasil, não abri negociação, esperei o Santos tentar melhorar a proposta (de renovação) ou algo assim. E a partir do momento em que fui chamado para receber a proposta de renovação, eu já estava com a cabeça de que iria sair, porque não havia sido chamado antes. Meu pensamento era ir para a Europa”, avisou.

O defensor também garante que foi procurado por clubes europeus, embora não tenha revelado o nome de nenhum deles nesta quarta-feira. “A gente (ele e seus representantes) começou a ficar nessa divisória de ir para a Europa ou renovar. Quando recebi a proposta, pedi para meu empresário viajar para Europa para que algum clube pagasse algum valor, multa é impossível. Mas clube da Europa não vai pagar multa sabendo que eu iria sair em dois meses”, destacou.

“Meu desejo de jogar na Europa é real e recebi proposta de outros clubes. Estamos nessa de esperar um pouco mais, sem ter pressa agora. Vou escolher o que for melhor para mim e para minha família. Tenho certeza de que, se eu ficar ou não, vou continuar trabalhando. Se sair, vai ser de cabeça tranquila. Sei que sempre dei meu melhor”, ressaltou Gustavo Henrique, também em uma resposta aos torcedores que passaram a criticá-lo por não acertar a renovação do seu contrato com o clube.

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