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Para UE, carta de Johnson ‘não traz solução’ para fronteira irlandesa após Brexit
A União Europeia reagiu com ceticismo à carta em que o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirma que deixar o bloco com um acordo é a “mais alta prioridade” do governo britânico, mas insiste ser impossível firmar um entendimento para o Brexit que inclua o backstop. “Aqueles contra o backstop e que não propõem alternativas realísticas de fato apoiam restabelecer uma fronteira (irlandesa). Mesmo que eles não admitam isso”, respondeu o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, a quem a missiva foi endereçada.
Os líderes britânico e polonês se referem ao mecanismo emergencial que, no caso de um acordo ser aprovado entre Londres e Bruxelas, mas o arcabouço legislativo não estar todo de pé ao fim do período de transição do Brexit, criaria automaticamente uma união aduaneira temporária entre as duas partes para evitar a volta de controles fronteiriços entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte.
A réplica da Comissão Europeia, o Poder Executivo da UE, foi menos seca, mas igualmente cética. “A Comissão da UE dá as boas vindas ao engajamento e comprometimento contínuo do Reino Unido com uma retirada ordeira”, iniciou a vice-porta-voz do órgão, Natasha Bertaud. “No entanto, a carta não provê uma solução legal e operacional para evitar o retorno de uma fronteira dura na ilha da Irlanda. Ela não estabelece o que quaisquer arranjos alternativos poderiam ser.”
Ela ainda aponta que, “de fato, (a carta de Johnson) reconhece que não há nenhuma garantia de que tais arranjos estarão de pé ao fim do período de transição”.
No documento enviado ontem, o premiê britânico buscava argumentar que o backstop “é antidemocrático e inconsistente com a soberania do Reino Unido”. O recém-empossado líder conservador reconhecia ainda, como ressaltado por Bertaud, que “um grau de confiança” seria necessário se as “disposições alternativas” ao backstop não estivessem implementadas até a saída do bloco em 31 de outubro. “O tempo é curto, mas o Reino Unido está pronto para avançar rápido”, escreveu.
Autor: Nicholas Shores
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