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No Anhembi e no Campo de Marte, na zona norte de SP, festas levam a queixas

21/06/2019

Da janela do apartamento com vista para o Anhembi, zona norte de São Paulo, o aposentado Geraldo Gomes, de 58 anos, via angustiado a montagem do paredão de caixa de som para um festival de música eletrônica no Sambódromo. Compartilhou a imagem no grupo de Whatsapp dos vizinhos: “Olhem só o que nos espera para amanhã (hoje, sexta-feira, 21) à noite! Preparem os ouvidos!”.

Cada vez mais frequentes no local, raves ou festas universitárias têm, literalmente, tirado o sono de moradores do entorno e motivado queixas contra a SPTuris, empresa da Prefeitura responsável pelo Anhembi (a privatização do complexo é prevista pelo Município). O grupo – que já recorreu a redes sociais e petições online, sem sucesso – fez reclamação de poluição sonora à Promotoria e à Câmara.

Gomes mora no mesmo prédio há 21 anos. De lá, é possível ouvir ruídos que vêm do Anhembi. “O carnaval não incomoda, é uma vez por ano. Só que, agora, quase toda semana tem evento, ‘pancadão com ingresso'”, diz. “O som vem pra dentro de casa, com canhão de luz e tudo mais. Uma vez ou outra dá para aguentar, mas recorrentemente?”

Levantamento no site do Anhembi mostra que o Sambódromo sediou ao menos nove festas a partir de março. A lista inclui o desfile de escolas de samba, festival de funk e até shows para os jogos da seleção brasileira na Copa América.

“Tem festa que vira a madrugada. Começa sábado e só termina às 14 horas do domingo”, diz a administradora Maria Helena Spaziani, de 48 anos, que mora com o marido em uma casa a 2 quilômetros do Sambódromo. “Mesmo assim, o barulho entra no quarto. Ninguém dorme. No dia seguinte, sinto tremedeira, a cabeça dói… Afeta a saúde.”

Uma das dificuldades é que o Anhembi fica em Zona de Ocupação Especial (ZOE), com regras mais flexíveis para ruídos. O limite é de 60 decibéis das 7h às 19h, de 55 decibéis das 19h às 22h, e de 50 decibéis de madrugada (até as 7 horas).

Em nota, a SPTuris diz informar as regras aos promotores de eventos, mas que tem negociado estratégias para reduzir o barulho. Afirma dialogar com a comunidade, por meio do Conselho de Segurança do Bom Retiro, e que há medidas restritivas aos fogos de artifício. O jornal O Estado de S. Paulo procurou nesta quinta-feira, 20, a organização do festival de música eletrônica, que não respondeu.

Campo de Marte

Problema igual tem o aposentado Ronaldo Santos, de 50 anos, vizinho do Campo de Marte, na zona norte, incomodado com festas no local. “O barulho é insuportável, às vezes até 6 horas”, diz ele, que recentemente passou por transplante renal e fica mais tempo em casa.

Responsável pelo Campo de Marte, a Infraero diz que os eventos são em área alugada do aeroporto, com alvará da Prefeitura, e que nunca foi notificado pelo Programa de Silêncio Urbano (Psiu). “O espaço é monitorado com medição de ruídos em área de cobertura que vai até a praça Campos de Bagatelle.” Apesar de o aeroporto ser ZOE, a Infraero diz que o monitoramento segue o mesmo parâmetro de áreas residenciais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autor: Felipe Resk
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