Alagoas

Professores do Ifal sofrem perseguição do MEC

31/05/2019
Professores do Ifal sofrem perseguição do MEC

Os professores de Filosofia Wanderlan Santos Porto e Elaine Lima, ambos do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), campus Maceió, participaram de uma plenária unificada em defesa do Ifal ontem (29), na sede do Instituto, atendendo convite dos alunos. O vídeo da plenária foi postado na Internet e hoje (30), o ministro da Educação Abraham Weintraub se pronunciou nas redes sociais e solicitou o nome do professor.

Weintraub publicou a seguinte mensagem: “Peço a gentileza de encaminhar ao endereço da ouvidoria (está no vídeo) com o nome desse elemento que se apresenta como professor. Acreditem, o MEC mudou”.

Mestre e doutor em Filosofia, pesquisador, membro do Conselho do Campus Ifal Maceió, supervisor do Pibid, entre outras atribuições, Wanderlan ontem, durante o horário do intervalo os alunos do Ifal, atendeu o convite dos alunos para participar de uma plenária e discutir o momento atual. Segundo ele, a plenária já se encaminhava para o final quando decidiu fazer uma fala. “Contei um pouco aos alunos da história e o medo pessoal de que as portas do Ifal fechem”, comentou.

O anúncio feito pelo Governo Federal aponta para um contingenciamento sério das universidades públicas e Institutos Federais. “Embebido pela emoção de que uma das maiores instituições públicas do nosso estado, que tem presença em todas as regiões, possa fechar as portas clamei aos alunos e alunas que se mobilizem e que façam algo para que essas portas não se fechem. Para além disso, faço uma narrativa da minha história de vida tendo em conta que sou filho de pais que estudaram na Escola Técnica de Sergipe, fui aluno de lá, sou professor da rede federal, desde 2010, e no Ifal, desde 2013”, afirmou Wanderlan.

O professor reconhece que pediu a cada aluno que se encha de vontade para que o Ifal não feche e também para que a Reforma da Previdência não possa tirar o direito de que o trabalhador possa repousar. “Hoje pela manhã fui acordado com diversos ataques. Um perfil anuncia comentando o vídeo que eu sou um criminoso. O ministro da Educação refere-se ao vídeo e, portanto, a mim como elemento. A seara criminal, que era algo que nunca frequentei, chegou até mim na forma de acusações. A minha fala foi no momento de intervalo, numa plenária dos alunos. Eu não deixei de dar aula anterior, nem a subsequente, mas fui atacado todo o dia. Inicialmente pelo ministro ou esse perfil que se tornou público e, posteriormente, alguém no perfil coloca exonera e o ministro coloca que o servidor deverá ser exonerado, mas que só precisa esperar o tempo de um processo administrativo disciplinar. E posteriormente ele diz que esses corajosos temem o processo administrativo. Uma clara ameaça a quem discute, debate e propõe a reflexão”, desabafou o professor.

Há 21 anos professor de Filosofia, Wanderlan disse que sempre prezou pelo diálogo. “Hoje tive a minha vida defasada. Entraram e acessaram as minhas redes sociais para emitir informações de alguém que é um classicista”, afirmou. Por outro lado, uma rede de solidariedade gigante começou a se estabelecer.

A professora Elaine, que também foi convidada pelos alunos para participar da plenária, afirmou que nenhum professor estava doutrinando, nem coagindo nenhum aluno. “Inclusive eles [os alunos] ovacionaram a fala do Wanderlan. Também recebi uma salva de palmas porque os alunos estão de fato preocupados em defender sua instituição. Eles têm medo de que as portas do Ifal possam fechar, em setembro, como foi cogitado pelo reitor, em decorrência do contingenciamento”, explicou.