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Na semana dedicada aos Museus, o Xucurús vive dias de indefinição

23/05/2019
Na semana dedicada aos Museus,  o Xucurús vive dias de indefinição

Museu Xucurús, sediado na Igreja do Rosário, no Centro da cidade de Palmeira dos Índios.

Além de atrativos turísticos, os museus são importantes centros produtores e receptores de práticas, costumes e pensamentos da cultura brasileira. Na semana marcada pelo Dia do Museu que foi celebrado no sábado (18), 1.114 espaços de todo o Brasil funcionaram com uma programação especial que reúne opções de lazer e conhecimento voltadas para todos os públicos.

“O Brasil é um celeiro de atrativos culturais – tanto que somos considerados o 8º país em atrativos culturais – e os museus se inserem nesse contexto do turismo. A Política Nacional de Gestão Turística dos Patrimônios Mundiais históricos e naturais é uma tentativa de incrementar a visitação nos destinos, a preservação e valorização da cultura”, comentou Bob Santos, o secretário nacional de Integração Interinstitucional do Ministério do Turismo.

Em Palmeira dos Índios, o Museu Xucurús fez parte da programação com palestras, vídeos e exposição.

Mas o Museu Xucurús, inaugurado em 1972, vive dias de indefinição. Há dois meses o prefeito de Palmeira dos Índios Júlio Cezar anunciou a mudança da sede do museu palmeirense, que está sediado na Igreja do Rosário, no Centro da cidade e que fica na Praça do mesmo nome. No local (praça) existe uma locomotiva Maria Fumaça, da antiga Usina Utinga Leão, que virou – no passado – atração turística e um dos cartões postais da cidade.

A intenção é levar o acervo do Museu para um sobrado, velho – e que já foi alugado pela prefeitura, na Rua José Pinto de Barros, pertencente à família Leite.

Ocorre que o Município não é dono do acervo, que pertence a uma instituição privada, relata uma fonte do Conselho de Cultura do Município.  O Município apenas cede servidores da prefeitura para colaborar com o funcionamento do museu,

Além disso, existe no estatuto, uma diretoria presidida pelo Bispo Diocesano que é responsável pelas decisões sobre a manutenção do Museu.

Segundo informações chegadas à redação, alguns membros do conselho se reuniram com o Bispo, no mês passado para obter algum posicionamento dele. E Dom Manoel Filho, novato na cidade, teria dito que antes de qualquer decisão, ele levaria a situação para o Conselho Diocesano.

Apesar dessa decisão, a informação chegada à redação é de que o Bispo teria se mostrado interessado em manter o acervo do museu na Igreja Nossa Senhora do Rosário, inclusive teria se comprometido em realizar a manutenção necessária no teto da Igreja.

Porém, é bom frisar que não há pronunciamento oficial ainda.

Mesmo sem autorização do Bispo, Município quer avançar em obras

A secretária de Cultura Isvânia Marques, respondendo uma cobrança veemente feita pela desembargadora Elisabeth Carvalho, entusiasta da mudança de local, disse que o acervo do Museu ainda não foi transferido porque a casa alugada carece de reformas.

“Não foi feita ainda a reforma à Mansão dos Leite (pintura, limpeza e reparo ao teto). Enquanto não houver tal providência, o Museu continua Museu, mesmo temporariamente.Não podemos “mascarar” tal realidade, pois as visitas continuam sendo feitas e nós não podemos fechar as portas dele. Para fazer diferente, vamos receber os alunos e visitantes e a professora e historiadora ANA Cristina que falará sobre a história do Museu Xucurus. A parte da exposição corresponde ao próprio acervo”, disse.

A Secretária afirmou que após as (re)inaugurações de equipamentos públicos que estão sendo realizadas pela prefeitura“uma equipe está sendo preparada para o serviço à Casa dos Leite”. “Vi a escala de trabalhos e nela  constava tais reparos”, finalizou.

Indagada sobre a possibilidade de não transferência do acervo do Museu instalado na Igreja do Rosário para outro local, a secretária disse que o Conselho de Cultura tem torcido por isso, mas a Diocese não se pronunciou oficialmente.

Um membro do Conselho disse à redação da TRIBUNA DO SERTÃO que “a forma com que o município quer realizar essa mudança é ilegal e coloca em risco a preservação do acervo”.

Não existe um museólogo para tratar da remoção do acervo, caso ele ocorra e o prédio para onde desejam transferir é locado por dois anos. E após expirar o contrato. O acervo continua lá ou vai para outro lugar? Por acaso vai virar Museu itinerante?”, indaga o conselheiro.

Ele ainda reforça que a prefeitura não tem nenhuma ingerência sobre o Museu (a não ser o fato de ceder servidores), pois se trata de uma fundação privada.

A reportagem apurou que já existiria negociações paraa aquisição da “Casa dos Leite” pela bagatela de R$1,2 milhão através do IPHAN, valor totalmente fora de mercado, o que corresponderia a quatro vezes o valor de mercado do imóvel que é antigo e que precisa de muitos reparos.

A secretária de cultura disse desconhecer tal trâmite.