Variedades
‘O céu se abriu para que ele pudesse subir’, diz diretor de festival sobre Ganz
Dieter Kosslick, que se despede da direção do Festival de Berlim, fez no sábado, 16, uma bela homenagem a Bruno Ganz. O ator suíço, que fez carreira principalmente no cinema de língua alemã, morreu no mesmo sábado, na cidade em que residia, Zurique. Havia sido diagnosticado com câncer colorretal. A quimioterapia não ajudou. Estava com 77 anos. Kosslick, ao apresentar os prêmios paralelos da Berlinale e anunciar sua morte, foi poético.
“O céu esteve encoberto durante quase todo festival, mas hoje (sábado) se abriu e ficou azul, sem nuvens, para que ele pudesse subir. Bruno foi um grande amigo meu, e do festival. Vai viver para sempre nas nossas lembranças.”
Na abertura da cerimônia de premiação da Berlinale, uma grande foto de Bruno Ganz ocupou o telão no palco do Palast. Foi aplaudido de pé.
Ganz nasceu em Zurique de um pai mecânico alemão e mãe italiana. Começou sua carreira no teatro e, nos anos 1960, já era um nome importante da cena alemã. Seu primeiro grande sucesso no cinema foi com A Marquesa dO, de Eric Rohmer, em 1976. Vieram depois as parcerias com Wim Wenders – O Amigo Americano (1977) e Asas do Desejo (1987), cujo título original é O Céu Sobre Berlim, o que justificou a poesia de Dieter Kosslick. Ganz fazia Damiel, o anjo que, por amor, torna-se mortal.
Ganz fez carreira no cinema internacional, e foi multipremiado por seu papel em Pão e Tulipas (2000), de Silvio Soldini, pelo qual ganhou o David di Donatello, o Oscar italiano.
Atuou com Joseph Fiennes, Alfred Molina e Peter Ustinov em Lutero (2003), com Denzel Washington no remake de Sob o Domínio do Mal, de Jonathan Demme (2004), e com Alexandra Maria Lara em A Queda! As Últimas Horas de Hitler (2004), no papel do ‘führer’. Recebeu duras críticas por haver humanizado o ditador alemão. Outro de seus mais belos papéis foi em A Eternidade e Um Dia (1998), do cineasta grego Theo Angelopoulos.
Durante toda a vida, dividiu-se entre o cinema e o palco, que adorava. Kosslick brincou – disse que visitou Ganz no set de seu último filme. “Foi a única vez na vida que abracei um nazista, mas era ele. De mentira, vestido como tal.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Luiz Carlos Merten, enviado especial
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