Variedades

‘O céu se abriu para que ele pudesse subir’, diz diretor de festival sobre Ganz

18/02/2019

Dieter Kosslick, que se despede da direção do Festival de Berlim, fez no sábado, 16, uma bela homenagem a Bruno Ganz. O ator suíço, que fez carreira principalmente no cinema de língua alemã, morreu no mesmo sábado, na cidade em que residia, Zurique. Havia sido diagnosticado com câncer colorretal. A quimioterapia não ajudou. Estava com 77 anos. Kosslick, ao apresentar os prêmios paralelos da Berlinale e anunciar sua morte, foi poético.

“O céu esteve encoberto durante quase todo festival, mas hoje (sábado) se abriu e ficou azul, sem nuvens, para que ele pudesse subir. Bruno foi um grande amigo meu, e do festival. Vai viver para sempre nas nossas lembranças.”

Na abertura da cerimônia de premiação da Berlinale, uma grande foto de Bruno Ganz ocupou o telão no palco do Palast. Foi aplaudido de pé.

Ganz nasceu em Zurique de um pai mecânico alemão e mãe italiana. Começou sua carreira no teatro e, nos anos 1960, já era um nome importante da cena alemã. Seu primeiro grande sucesso no cinema foi com A Marquesa dO, de Eric Rohmer, em 1976. Vieram depois as parcerias com Wim Wenders – O Amigo Americano (1977) e Asas do Desejo (1987), cujo título original é O Céu Sobre Berlim, o que justificou a poesia de Dieter Kosslick. Ganz fazia Damiel, o anjo que, por amor, torna-se mortal.

Ganz fez carreira no cinema internacional, e foi multipremiado por seu papel em Pão e Tulipas (2000), de Silvio Soldini, pelo qual ganhou o David di Donatello, o Oscar italiano.

Atuou com Joseph Fiennes, Alfred Molina e Peter Ustinov em Lutero (2003), com Denzel Washington no remake de Sob o Domínio do Mal, de Jonathan Demme (2004), e com Alexandra Maria Lara em A Queda! As Últimas Horas de Hitler (2004), no papel do ‘führer’. Recebeu duras críticas por haver humanizado o ditador alemão. Outro de seus mais belos papéis foi em A Eternidade e Um Dia (1998), do cineasta grego Theo Angelopoulos.

Durante toda a vida, dividiu-se entre o cinema e o palco, que adorava. Kosslick brincou – disse que visitou Ganz no set de seu último filme. “Foi a única vez na vida que abracei um nazista, mas era ele. De mentira, vestido como tal.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autor: Luiz Carlos Merten, enviado especial
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