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Novo governo prepara primeira reação comercial

17/01/2019

Com a imposição de restrições à compra do aço brasileiro pela União Europeia, o governo Bolsonaro prepara a reação à sua primeira batalha comercial. Uma das ideias é aproveitar o Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça) na próxima semana para se aproximar de outros exportadores do insumo prejudicados pela medida e organizar uma ação em conjunto contra as barreiras europeias.

De acordo com fontes do governo, o Brasil poderá procurar inclusive a China, maior produtora e exportadora mundial do produto. Isso mesmo depois de críticas feitas por Bolsonaro na campanha e dos elogios aos Estados Unidos, país que desencadeou uma guerra comercial contra os chineses que começou, justamente, com sanções contra a venda de aço.

Segundo fontes, o Brasil também pretende recorrer a mecanismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC). Em um momento em que o Mercosul pretende dar prioridade à negociação de acordo comercial com a União Europeia, o governo brasileiro excluiu retaliações da lista de medidas a serem adotadas em reação às barreiras europeias.

Apesar de já estar organizando a reação, a avaliação do governo é que o volume das exportações brasileiras atingido é pequeno e, com foram impostas cotas para a venda, a indústria ainda está em parte atendida. Segundo o Estadão/Broadcast apurou, há no governo quem veja as restrições ao aço como uma “moeda de troca” que pode acabar favorecendo as negociações do acordo entre os blocos sul-americano e europeu.

Vulnerabilidade. Para o presidente do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, a decisão da UE já era esperada diante da superoferta global da matéria-prima e da guerra comercial entre China e EUA. “Já prevíamos que isso aconteceria dada essa onda protecionista e claro que todo fechamento de mercado é ruim para a nossa indústria. Nosso grande de vulnerabilidade só aumenta.”

De acordo com ele, a medida dificulta ainda mais uma possível recuperação da indústria siderúrgica brasileira, que atualmente opera com 70% de sua capacidade instalada, segundo dados do Instituto: “Se estamos com um mercado interno fraco, a saída é exportar, mas também temos dificuldade em fazer isso com essas barreiras. Nossa indústria perde competitividade e não sei o que vai acontecer.” (COLABORARAM ANA NEIRA e MÔNICA SCARAMUZZO) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autor: Lorenna Rodrigues
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