Variedades

Volta à terra de Oz

10/12/2018

Uma indisfarçável insegurança rondava, ainda que em doses menores, os produtores da T4F, no momento em que escolhiam o espetáculo que deveria ser o grande sucesso de 2016: será que um musical sobre os antecedentes da clássica O Mágico de Oz, ou seja, sobre a origem de Elphaba, a bruxa má, e Glinda, a boa, interessaria ao público brasileiro, apesar do enorme êxito conquistado na Broadway? Não parecia ser uma trama distante demais do nosso cotidiano artístico? O temor em pouco tempos se revelou injustificável – tão logo estreou no Teatro Renault, em março daquele ano, Wicked logo se consagrou como um dos trabalhos mais admirados pelos fãs nacionais, incentivando a criação de fãs-clubes que tornaram popstars do teatro musical brasileiro as duas protagonistas, Fabi Bang (Glinda) e Myra Ruiz (Elphaba).

“Uma de nossas admiradoras me garantiu ter visto 85 vezes o espetáculo”, admira-se Fabi. “E, pelo entusiasmo dela, eu acredito.” Foi justamente pensando na devoção desses fãs que Fabi e Myra voltam a se reunir na noite desta segunda-feira, 10, para o show De Volta a Oz – Wicked In Concert, que acontece no mesmo teatro Renault. Trata-se do encontro entre as duas amigas que, além de apresentarem boa parte do repertório do musical, vão também relembrar os momentos que marcaram a temporada nacional de Wicked.

Assim, com direção de Daniel Salve e direção musical de Jorge de Godoy, o encontro (que também celebra os 15 anos do musical na Broadway e os 2 anos da estreia no Brasil) terá uma orquestra e as duas atrizes vão receber convidados, como Miguel Falabella (que interpretou, durante algumas sessões, o próprio Mágico de Oz), Gabriel Leone (Fiyero) e Adriana Quadros (Madame Morrible). “Há ainda outras participações especiais e algumas vão emocionar demais o público”, anuncia Fabi que vai apresentar, ao lado de Myra, canções como O Mágico e Eu, Desafiando a Gravidade, Ódio, Popular, Venha Ver, Não É Pra Mim e For God, entre outras.

Algumas músicas tiveram de ficar de fora pois têm uma função decisiva na narrativa. “Fora de contexto, elas ficam estranhas”, explica ainda Fabi que, grávida de sete meses, vai se dedicar, depois do show, exclusivamente ao nascimento de Isabel. “Mas, como não consigo ficar muito tempo longe do palco, pretendo voltar em novo trabalho já no segundo semestre de 2019.”

“Trabalhar em Wicked representou uma grande fase de amadurecimento profissional e pessoal”, conta Myra. “Esse musical me ensinou a ter confiança para tomar atitudes que antes sempre eu temia. E, no campo artístico, a entender a importância desse trabalho e de como ele pode influenciar muitas pessoas.” De fato, ao pintar a pele de verde antes de cada espetáculo, Myra não apenas assumia uma nova personalidade como revela aspectos da sua própria, em uma fusão que unia personagem e atriz.

“Essa era nossa resposta aos críticos das franquias internacionais, aqueles que diziam que esse tipo de trabalho é considerado engessado, pois copia o original americano”, rebate Fabi. “Ao longo dos ensaios, conversávamos com a diretora Lisa Leguillou, que aceitava nossas sugestões que deixavam o espetáculo mais brasileiro.”

Um desses detalhes, o “beijinho no ombro” que Glinda fazia durante o musical, inspirou diversas discussões. Lisa não via naquele gesto, consagrado por Valesca Popozuda, algo que agradasse ao público. “Não vai funcionar”, dizia ela que, durante as festas de carnaval, jurou não ter visto ninguém reproduzindo tal movimento. Insistente, Fabi conseguiu a aprovação da americana, mas com uma condição: se falhasse já na primeira encenação, o gesto não mais seria repetido. As gargalhadas e o aplauso da plateia convenceram Lisa a incorporar a cena ao espetáculo.

Apesar do sucesso desses personagens, Fabi e Myra mostram que seu talento vai além: enquanto a primeira planeja sua volta no segundo semestre, Myra ensaia o musical Meu Destino É Ser Star, com canções de Lulu Santos e com previsão de estreia em 19 de janeiro, no Rio.

DE VOLTA A OZ – WICKED IN CONCERT
Teatro Renault. Av. Brigadeiro Luis Antonio, 411. Hoje (10), às 21h. Ingressos: R$ 90 / R$ 160.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autor: Ubiratan Brasil
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