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Para que servem as Praças

06/12/2018
Para que servem as Praças

A Praça Pública não existe apenas para decorar o meio ambiente urbano. Também não deve restringir apenas a um seguimento social. A Praça Pública não deve atender somente as crianças, os desportistas, os idosos ou a uma determinada classe social. Uma vez considerada como um meio de lazer, de recreação, de contemplação, de harmonização com a natureza, a praça tem como objetivo propiciar as pessoas não apenas um local para a recreação, mas também para qualidade de vida, prevenção de doenças e também como uma forma de sociabilização da comunidade que habita em seu redor. Não se concebe o uso do Espaço Público da Praça para atender interesse individual de algum munícipe. A Praça desempenha a integração da comunidade e da melhoria da qualidade de vida. Isso sem falar da sua contribuição para a formação de um patrimônio histórico.

As Praças devem ser arborizadas, com jardins e bancos para auxiliar no controle da radiação sonar, na umidade do ar e na ação dos ventos. Mas, infelizmente, o que vemos são edificações em Praças Públicas, privando a população de um espaço público livre e voltado à natureza da região. A Praça tem que ser um local de ponto de encontro, um lugar de relaxamento e de convivência agradável. Normalmente, esse tipo de espaço público está vinculado à ideia de haver prioridade para as pessoas e a não acessibilidade de veículos. Geralmente, a praça está associada à presença de ajardinamento, com árvores para dar sombra aos usuários nas tardes de verão. E quando é possível, a implantação de um lago natural ou artificial para refrescar a atmosfera do agreste ou do sertão.

Em uma definição simples, a praça (do latim: platea) é um espaço público aberto dentro de uma cidade, livre de edificações e de construções, mas que propicie convivência com recreação e sossego para seus usuários. Como nos ensinou o imortal poeta baiano Castro Alves, aos 17 anos de idade (1864), “a Praça é do Povo/ como o Céu é do condor/ É antro onde a liberdade/ cria águias em seu calor”. Lá se vão 154 anos do dia que o poeta republicano e abolicionista Castro Alves manifestou seu protesto contra a repressão policial de um comício e a prisão do jornalista paraibano Antonio Borges da Fonseca. A Democracia e a Cidadania, a Liberdade e Fraternidade nasceram nas praças, único lugar livre de corrupção e de falsidade.

Na Europa, muitas vezes as Praças são usadas como mercado público de variedades ou como local para a realização de eventos culturais e artísticos, disponíveis à população local. Independentemente de possuiu equipamentos recreativos e contemplativos como Playgrounds, instrumentos para ginástica, bancos e mesas para uso de jogos, a Praça é um recanto de bem estar.

A Praça tem vida, tem criação estética, tem beleza natural e artificial, tem memoria histórica de um povo. A Praça é a alma da cidade. Nela se encontra marcos referenciais da vida em sociedade, que estimulam o convívio humano e o bem estar social. Uma cidade sem Praças é uma cidade sem memória, sem história, sem passado. Praças e Parques são um refúgio na cidade e locais de socialização de crianças e de adultos. São espaços livres e que servem de refresco para a rotina estressante do dia a dia, permitindo o contato com a natureza e com a simplicidade. É nesses espaços públicos que as crianças estreitam laços de amizades e os idosos praticam suas confidências e revelam seus segredos.

            As árvores, os jardins de flores e os bancos na sombra são imagens inesquecíveis na vida dos humanos. A imagem de uma praça na cabeça de uma criança, de um adulto ou de um idoso é algo que não se esquece. Seja onde estiver sua memória estará relembrando essa imagem. A diferença é que nos países mais civilizados esse espaço público é mais bem aproveitado. Diferente daqui, onde a regra é não pisar na grama, na Europa as pessoas não só almoçam como tiram um cochilo depois do lanche. Incentivar o contato das crianças com esses espaços públicos é permitir a ascenção dos sentimentos de solidariedade, de amizade e de companheirismo. É uma lição de que um dia experimentaremos uma recordação mais real e mais íntima da vida, que reconforta a alma.

O passeio matinal ou vespertino com um bebê pela Praça cria laços de afeto entre as mães, as babás e, posteriormente, entre as próprias crianças. O espaço público é essencial para criar valores de respeito à natureza e ao direito do outro. Pensemos nisso! Por hoje é só.