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Juros reduzem ritmo com piora em NY, mas fecham em queda com IPCA e payroll

07/12/2018

A despeito da deterioração do cenário externo no período tarde, os juros futuros fecharam a sessão regular desta sexta-feira, 7, em baixa, embora, no caso dos prazos intermediários e longos, distantes das mínimas atingidas ainda pela manhã após a divulgação do relatório de emprego norte-americano. As taxas curtas tiveram recuo mais significativo, ainda sob o impacto do IPCA e IGP-DI de novembro mostrando deflação acima da esperada, a poucos dias da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom).

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou em 6,790%, de 6,882% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2021 caiu de 7,913% para 7,82%. A taxa do DI para janeiro de 2023 fechou em 9,10%, de 9,133%, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou em 9,69%, de 9,702%.

A trajetória de queda das taxas teve início já na abertura, em função da deflação de 0,21% do IPCA em novembro, bem maior do que a de 0,14% que era o piso das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast. Do mesmo modo, o IGP-DI do mês passado (-1,14%) caiu mais do que apontava a previsão mais otimista (-1,10%).

“Temos notícias domésticas muito boas. Não vejo como o Banco Central aumentar juro no horizonte relevante. Núcleos rodando perto de zero é algo inédito”, afirmou o economista-chefe da GAP Economics, Gustav Gorski.

Os dados da inflação em meio à atividade fraca endossam a percepção de que a Selic não deve subir nos próximos meses e, mesmo para o ano que vem, o mercado tem revisado suas expectativas para alta menos intensa. O Bradesco anunciou nesta sexta que revisou sua projeção de Selic para 2019 de 8,00% para 7,25%.

Do exterior, os juros foram às mínimas após a publicação do payroll, que mostrou criação de 155 mil vagas de trabalho nos Estados Unidos em novembro, bem abaixo da expectativa de 200 mil. Além disso, o salário médio por hora subiu 0,22%, menos do que o esperado (+0,3%). Os números reforçam a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode reduzir o ritmo de aperto dos juros nos Estados Unidos.

À tarde, a ponta longa reduziu bastante a queda, em linha com a piora de humor em Wall Street, onde as bolsas caem perto de 2%. A reação positiva ao payroll deu lugar à cautela, depois que o diretor do Conselho Econômico Nacional do governo dos Estados Unidos, Larry Kudlow, afirmou que a gigante tecnológica Huawei vem violando as sanções de Washington ao Irã e, por isso, foi advertida. Além disso, o diretor do Conselho de Comércio da Casa Branca, Peter Navarro, defendeu a política de tarifas de Donald Trump, “feita para defender o país das práticas”.

Nos demais segmentos, o dólar à vista estava perto da estabilidade, aos R$ 3,8818 (+0,04%), e o Ibovespa recuava 0,41%, aos 88.481,57 pontos.

Autor: Denise Abarca
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