Alagoas

Unidade de AVC leva serviços especializados a mais de 1.100 alagoanos no HGE

31/10/2018
Unidade de AVC leva serviços especializados a mais de 1.100 alagoanos no HGE

A cada ano, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de seis milhões de pessoas morrem em decorrência de acidentes vasculares cerebrais. O problema se configura como a terceira maior causa de mortes no mundo e a mobilização para a redução desses índices tem seu auge no dia 29 de outubro, data definida pela OMS como o Dia Mundial de Prevenção ao Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Neste ano, para lembrar a data, parte da equipe de profissionais da Unidade de AVC do Hospital Geral do Estado realizou, na segunda-feira (29), uma ação de prevenção nas portas de entrada do hospital. Desde a inauguração, no dia 21 de julho de 2015, a Unidade de AVC do HGE, uma conquista do Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), funciona com a coordenação da neurologista Simone Silveira e atende exclusivamente os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com a coordenadora, a equipe – composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos e técnicos de enfermagem – está treinada para atender a qualquer momento.

“São dez leitos equipados com aparelhos modernos e disponíveis para a trombólise, procedimento de aplicação do trombolítico. Quanto mais tempo demora, mais sequelas a vítima de AVC pode sofrer. Quando um doente chega, a equipe é rapidamente acionada. O trombolítico está indicado somente para o AVC do tipo isquêmico, com tempo de instalação de até 4h30, desde o início dos primeiros sintomas, não identificando fatores que impossibilitem, como o AVC do tipo hemorrágico”, explicou a gerente do HGE, Marta Mesquita.

No Brasil, a doença é a causa de morte mais frequente e a principal causa de incapacidade, com mais de 50% dos sobreviventes permanecendo com graves sequelas físicas e mentais, com enorme impacto econômico e social. Somente na Unidade de AVC do HGE, inaugurada na gestão do governador Renan Filho, 240 pessoas foram atendidas até setembro deste ano; em 2017 foram socorridos 361 cidadãos; em 2016, 360; e no ano de inauguração, a partir de julho, 162 pessoas. Até o momento, mais de 1.100 alagoanos foram contemplados com os serviços especializados.

“Antes da inauguração da Unidade de AVC não existia em Alagoas um local específico e especializado para tratar a doença através do SUS. Mas, graças a esse investimento do Governo de Alagoas, aumentamos o poder de recuperação, devolvendo a cada alagoano atendido no HGE a oportunidade de mais momentos junto a seus entes queridos”, avaliou o secretário de Estado da Saúde, Christian Teixeira.

 

Ação

 

Com panfletos e muita persuasão, os agentes orientaram pacientes e acompanhantes sobre a prevenção, os sintomas e o que fazer em caso da suspeita da doença. A aposentada Josefa Aprígio Bezerra, de 89 anos, foi uma das que recebeu as informações e sabe bem o que representa a doença.

“Eu não tive AVC, mas sofri um infarto e vir para o HGE. Fiquei muito preocupada, mas fui bem atendida e estou bem. Voltei porque senti um cansaço e os médicos acharam melhor investigar, mas estou me cuidando pois sei que, se não me precaver, também posso desenvolver o derrame [como é chamada a doença popularmente]”, disse a aposentada, que mora na zona rural de Igaci.

O AVC acontece quando há um entupimento ou o rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro, podendo provocar sérias sequelas e até a morte. Ele pode ser do tipo hemorrágico, quando há o rompimento de um vaso cerebral, ou isquêmico, quando há uma obstrução da artéria sem hemorragia.

“São vários os fatores de risco, os mais comuns são maus hábitos alimentares, hipertensão, diabetes, histórico de doenças cardiovasculares, colesterol alto, sobrepeso, tabagismo, sedentarismo e consumo de álcool em excesso. As sequelas podem ser várias, com destaque para paralisias, perdas neurológicas e insuficiência cardíaca. Porém, na Unidade de AVC o paciente recebe todos os cuidados necessários para descobrir a causa da doença. Após conhecida, o paciente é devidamente tratado e, se necessário, encaminhado para locais de reabilitação”, pontuou a neurologista Simone Silveira.

Doença silenciosa

Parecia um dia como outro qualquer quando Luiz Francisco dos Santos, de 71 anos, voltava da roça para a sua casa. O que ele não esperava é que, já perto do encontro com a esposa, ia perder as forças do lado direito de seu corpo, a ponto de não conseguir chamá-la. “Foi muito ruim. Não conseguia pedir ajuda, não entendia o que estava acontecendo. Mas eu consegui chegar até ela, que me acudiu, chamou o vizinho e me levaram ao hospital”, recordou aliviado.

O que Luiz teve foi um acidente vascular cerebral. Ele chegou ao Hospital Geral do Estado no sábado, dia 27, após ser examinado em uma unidade de saúde do município de Atalaia. No maior hospital público de Alagoas, o agricultor foi levado à Unidade de AVC, única especializada na doença do tipo isquêmica do Estado, onde se recupera após receber o trombolítico, medicamento utilizado para dissolver o coágulo.

“Eu não consumo bebidas alcoólicas, mas como de tudo, mesmo hipertenso. Eu já vinha tomando meus remédios para a pressão alta, por isso não esperava ter um AVC. Tive muito medo. Não conseguia falar com minha esposa porque minha boca estava torta. Mas tudo passou, agora estou bem melhor e quando sair quero voltar para a roça”, disse Luiz Francisco, que reside em um assentamento na zona rural de Atalaia.