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Balanços, dados e Trump guiam investidores e bolsas de NY fecham em forte alta

16/10/2018

Os principais índices acionários de Nova York fecharam em alta de mais de 2% nesta terça-feira, 16, diante do otimismo dos investidores com a economia americana e resultados corporativos surpreendentes. Os ganhos foram impulsionados no fim do pregão, ainda, por comentários do presidente americano, Donald Trump, que voltou a criticar as altas de juros efetuadas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).

O índice Dow Jones registrou alta de 2,17%, aos 25.798,42 pontos, enquanto o S&P 500 avançou 2.809,92 pontos, voltando a superar a barreira dos 2,8 mil pontos. Já o Nasdaq subiu 2,89%, para 7.645,49 pontos. O índice de volatilidade VIX, por outro lado, considerado o “medidor de medo” de Wall Street, encerrou o pregão abaixo de 20 pontos pela primeira vez desde o dia 10 de outubro, com queda de 17,28%, aos 17,62 pontos.

A nova onda de críticas de Trump ao aperto monetário guiado pelo Fed nos EUA deu fôlego às bolsas em Nova York já perto do fim da sessão, em uma leitura de que isso possa retardar o curso das altas de juros. Em uma entrevista, o republicano chamou a instituição de sua “maior ameaça” e disse que ela está “elevando os juros muito rapidamente”. Ele também afirmou, no entanto, que o banco central americano é independente, portanto não fala com os dirigentes.

Uma possível mudança no comando do Fed, no entanto, não teria impacto sobre as decisões de política monetária do banco central, embora pudesse ser algo “muito perturbador para os mercados financeiros”, afirmou, em nota a clientes, o economista-chefe para EUA do JPMorgan, Michael Feroli. Para ele, deve ser levada em conta a última declaração do chefe da Casa Branca: “Não vou demitir Powell”.

Mais cedo, o cenário otimista que beneficiou ativos de maior risco foi composto por dados que reforçam a robustez da economia americana. O relatório Jolts mostrou que o número de vagas abertas nos EUA subiu de 7,077 milhões em julho para o nível recorde de 7,136 milhões em agosto, acima da projeção de alta a 6,8 milhões de analistas. Já a produção industrial americana avançou 0,3% em setembro em relação a agosto, informou o Fed, também além da previsão de alta de 0,2%. Com esses resultados, algumas instituições, como Goldman Sachs e Barclays, elevaram a projeção de crescimento anualizado do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no terceiro trimestre para 3,6% e 3,2%, respectivamente.

Além do cenário macroeconômico, os resultados corporativos também animaram investidores. O Morgan Stanley (+5,68%) registrou lucro líquido de US$ 2,11 bilhões no terceiro trimestre deste ano, acima do nível de US$ 1,80 bilhão registrado em igual período do ano passado, alta de 17%. Já o lucro por ação foi de US$ 1,17 entre os meses de julho e setembro, bem acima da previsão dos analistas consultados pela FactSet, de US$ 1,00 por ação.

O Goldman Sachs (+3,01%) informou que seu lucro líquido no terceiro trimestre avançou a US$ 2,52 bilhões, ou US$ 6,28 por ação, acima da previsão de US$ 5,38 de analistas da FactSet. Também a UnitedHealth (+4,73%), controladora da Amil no Brasil, surpreendeu, ao apresentar lucro líquido de US$ 3,19 bilhões no terceiro trimestre do ano, 28% maior que o ganho de igual período de 2017. O lucro por ação ajustado foi de US$ 3,41, enquanto a previsão era de US$ 3,29.

Dado esse cenário, o subíndice financeiro do S&P 500 subiu 1,60%, aos 443,91 pontos, com os papéis do JPMorgan em alta de 2,14% e os do Bank of America com avanço de 2,18%. Já as ações do Facebook subiram 3,43%, enquanto as da Amazon ganharam 3,35% e as da Microsoft apresentaram alta de 3,16%.

Após o fechamento do mercado, a Netflix divulgou que seu lucro líquido no terceiro trimestre foi de US$ 403 milhões, o equivalente a US$ 0,89 por ação, resultado superior ao mesmo período de 2017. Os números vieram bastante acima das expectativas de analistas consultados pela FactSet, que esperavam lucro por ação de US$ 0,68. Já a receita subiu 34% no terceiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano anterior, para US$ 3,999 bilhões, praticamente em linha com o projetado por analistas (US$ 3,9 bilhões). A ação da companhia no after hours chegou a saltar 14% após ter subido 3,98% no pregão regular.

Autor: Monique Heemann
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