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Julia Lemmertz, da vilã à mãe protetora

25/09/2018
Julia Lemmertz, da vilã à mãe protetora

Nova novela de Elizabeth Jhin, Espelho da Vida estreia nesta terça-feira, 25, na Globo, na faixa das 18h – no lugar de Orgulho e Paixão -, trazendo parte significativa do elenco do folhetim anterior da autora, Além do Tempo, exibida entre 2015 e 2016. Entre esses nomes, está a atriz Julia Lemmertz. Espelho da Vida marca a segunda parceria de Elizabeth e Julia. Em Além do Tempo, ela roubou a cena como Doroteia, uma “mulher meio destrambelhada, meio engraçada”, como define a própria Julia, em entrevista ao Estado. No meio do caminho, entre as duas novelas, ela deu vida à vilã Greta, em Novo Mundo (2017). Agora, ela interpreta um papel numa frequência completamente diferente das anteriores: faz Ana, mãe da mocinha da trama, Cris Valência (Vitória Strada).

Ana e seu marido, Flávio (Ângelo Antônio), padrasto de Cris, são dois artistas, especializados em madeira. Cris considera Flávio como seu verdadeiro pai, uma vez que ela não conviveu com o pai biológico, o desleal Américo (Felipe Camargo). Já Ana tem uma forte ligação com a filha, a ponto de sentir tudo o que Cris sente, mesmo quando ambas estão longe. No entanto, a volta de Américo vai tumultuar a vida da família após ele ficar sabendo que Cris, que é atriz de teatro, namora um badalado diretor, Alain Dutra (João Vicente de Castro), e vai protagonizar um filme que será rodado em Rosa Branca. Vai pairar a dúvida se ele quer recuperar a relação com a filha ou tirar vantagem dela.

“Ana é uma mulher comum, uma mãe maravilhosa, super do bem, é uma artista, ela tem uma ligação com a filha muito profunda. Ela vive um dilema interno: quer ser uma mãe legal, mas sempre acha que alguma coisa pode acontecer”, Julia descreve sua personagem. “Então, esse lugar do cotidiano, do bom, do correto, do humano, é difícil de fazer, acho que é mais fácil você fazer o vilão, que você vai lá e desenha algo. Assim é tão simples que é difícil: ela é tão do bem, qual a falha dela?”

Em Espelho da Vida, Elizabeth Jhin retoma os ingredientes que fazem de suas histórias novelas bem-sucedidas, misturando espiritismo, mistério e magia. Só para lembrar sua trama mais recente, Além do Tempo mostrava os mesmos atores em duas épocas diferentes. A primeira fase trazia os personagens em suas vidas passadas, no século 19; e, na segunda fase da novela, os mesmos personagens, reencarnados nos dias atuais, tinham uma nova chance para resgatar relações e histórias mal resolvidas, melhorar e evoluir. Em Espelho da Vida, será diferente. Ao chegar à Rosa Branca, cidade fictícia de Minas Gerais, para rodar o filme sobre a história real de Julia Castelo, que foi assassinada, vítima de um crime passional, na década de 1930, a protagonista Cris Valência vai descobrir que ela própria foi Julia em sua vida passada. E pessoas que fazem parte de sua vida atual estavam presentes no dia a dia de Julia. Além disso, a trama vai se concentrar nos dias de hoje, e só Cris vai viajar no tempo.

“Na verdade, o que a novela fala é um pouco isso: esses perrengues que você passa na vida são sempre coisas que você precisa resolver de alguma forma. Claro que a gente está olhando de cima, mas acho que, ao longo da novela, a coisa vai ser explicada, conversada”, diz Julia Lemmertz, que não revelou se sua personagem Ana vai aparecer também em sua vida passada. E a atriz acredita em reencarnação, vidas passadas? “Eu não acredito nem desacredito”, responde ela. “Eu me pergunto se isso aqui é tudo o que há, uma vida só é muito pouco. A gente passa por tanta coisa, e a gente já vem com tanta coisa: pessoas pelas quais você tem horror de graça e pessoas que você ama imediatamente. Essas coisas fazem você pensar, mas eu tendo a ser um pouco pragmática, porque acho que isso tudo são elucubrações, de coisas que você pensa, e que dá a você até um certo conforto em determinadas situações.”

Ela prefere se ater ao fato de que o que temos “é o aqui e agora”. “É tudo o que a gente tem, não há nada mais importante do que isso, porque, se a gente não viver isso direito, não há passado e não vai haver futuro. E vai que eu tenha outra vida. Vou construir esta aqui bem.”

Assim como na ficção, Julia Lemmertz tem uma filha atriz. Terceira geração de uma respeita família de artistas, da qual fazem parte a avó Lilian Lemmertz e a própria mãe Julia, Luíza Lemmertz interpreta Diadorim na peça Grande Sertão: Veredas, clássico de Guimarães Rosa adaptado por Bia Lessa. Foi natural ela ter seguido a carreira, não é? “Natural pode ser, mas nunca é fácil. Eu senti isso com minha mãe, por ser minha mãe quem era. Depois, a Luíza, por ter a avó e a mãe, o padrasto (Alexandre Borges), o avô (Lineu Dias)”, pondera ela. “Mas, ao mesmo tempo, acho que a Luíza tem uma cabeça muito boa, e ela é muito segura do pedaço dela. Então, é tranquila nesse sentido. Ela sabe que é trabalho, trabalho, trabalho. Seja no que ela for fazer é ela quem vai trabalhar. Então, não adianta ser filha ou ser neta. Ela tem uma trajetória muito sólida.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autor: Adriana Del Ré
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