Geral

Monitoramento feito pela Ufal mostra que Sertão já enfrenta seca grave

09/08/2018
Monitoramento feito pela Ufal mostra que Sertão já enfrenta seca grave

Cerca de 30% dos municípios de Alagoas já estão secos. É o que mostra o atual mapa de monitoramento da cobertura vegetal do Estado, realizado pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).

De acordo com a atual imagem de satélite, registrada de 22 a 27 de julho, dos 102 municípios alagoanos, 30 estão afetados por seca grave ou moderada, localizados na mesorregião do Sertão alagoano e alguns no Agreste, na porção semiárida do Estado.

O mapa mostra que as mesorregiões do leste alagoano e boa parte do Agreste continuam verdes, um indicativo de que a cobertura vegetal está saudável, em razão da estação chuvosa que ocorre nessas áreas.

A animação com mapas de monitoramento por satélite, de janeiro a julho de 2018, aponta que nos meses de abril e maio, as chuvas permitiram a recuperação da cobertura vegetal da maioria dos municípios, incluindo o Sertão, área mais seca. Porém, desde junho, quando terminou a estação chuvosa no semiárido brasileiro, a seca se espalhou pelo Sertão e Agreste de Alagoas.

Segundo uma recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre o Perfil dos Municípios Brasileiros (Munic), no período de 2013 a 2016, o Nordeste foi a região do Brasil que apresentou maior proporção de municípios afetados pelas secas (82,6%).

Alagoas foi o 6º estado do Nordeste a registrar maior proporção de municípios atingidos pela seca (77,5%). Mas, apenas um total de 22,5% desses locais possuem um plano de contingência e/ou de prevenção à seca. Esse instrumento de planejamento é importante para planejamento de ações das prefeituras, a fim de minimizar os impactos.

A pesquisa mostra ainda que a maioria dos municípios do Nordeste tem priorizado adotar ações emergenciais para evitar ou reduzir os danos causados pelas secas. Em Alagoas, não é diferente. Uma das ações mais comuns é a distribuição regular de água, através de caminhões-pipa, adotada em 58% dos municípios. Em seguida, está a construção de poços e de cisternas.

Situação de Emergência

Apesar da severidade da atual seca na mesorregião do Sertão e parte do Agreste alagoano, de acordo com o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, não há reconhecimento vigente de situação de emergência nos municípios do Estado. Mas, na última quarta-feira (1º), 38 municípios de Alagoas tiveram a Situação de Emergência, por causa da seca, reconhecida pelo Governo Estadual. Para que esses municípios voltem a receber recursos para conviver com a seca, aguardam a confirmação pelo Governo Federal.

A intensidade do impacto do desastre natural para o município é o que leva os gestores a classificarem o prejuízo gerado para a população e infraestrutura local. O professor Humberto Barbosa explica que são quatro níveis para medir os impactos dos desastres naturais. A Situação de Emergência é o reconhecimento legal, pelo município atingido, de uma situação anormal provocada por desastres, segundo fatores de intensidade e alcance dos danos (humanos, materiais e ambientais) e dos prejuízos (sociais e econômicos). As secas e estiagens são consideradas desastres naturais de nível 3, caracterizando Situação de Emergência.

“Nesse caso, os danos são importantes e os prejuízos vultuosos, mas suportáveis e superáveis pela comunidade afetada. A situação de normalidade pode ser restabelecida desde que os recursos mobilizados no território do município afetado sejam reforçados e suplementados com o apoio de meios estaduais e federais”, destaca Barbosa.

Monitoramento das secas

As secas afetam diretamente a economia, trazendo danos e prejuízos aos seus diversos setores. Segundo um Relatório do Centro de Estudos e Pesquisas em Engenharia e Defesa Civil (Ceped), no período de 1995-2014, o total de danos materiais e prejuízos públicos e privados causados por desastres naturais, derivados de eventos climáticos no Nordeste, foram estimados em R$ 47 bilhões. Deste total, cerca de 75% estão diretamente vinculados às estiagens e secas, a afetarem frequentemente os municípios da região. O valor inclui os prejuízos privados nos setores da agricultura, pecuária, indústria e serviços.

Os danos e prejuízos estimados para Alagoas, nesse período de dez anos, representam 3,6% do total na região Nordeste. Embora seja um dos estados do Nordeste com os menores números decorrentes de desastres naturais de origem climática, o custo da seca pesapara a economia de Alagoas.

“Realizar o monitoramento da cobertura vegetal nos municípios, a exemplo do que vem sendo feito, diariamente, pelo Lapis, é fundamental para subsidiar o planejamento e a tomada de decisão sobre as melhores ações para convivência e adaptação às secas. Dessa forma, evitam-se maiores prejuízos aos setores públicos, privados e à população”, ressaltou o professor Humberto Barbosa.

Para mais informações sobre o assunto, acesse o artigo “Quanto custam as secas ao Brasil?”.