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BC: incerteza sobre conjuntura exige maior flexibilidade da política monetária

07/08/2018

Na esteira dos choques mais recentes sobre a economia brasileira, como o provocado pela greve dos caminhoneiros em maio e junho, os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central evitaram se comprometer em relação a seus próximos passos sobre a Selic (a taxa básica de juros).

Na ata da última reunião do colegiado, divulgada nesta terça-feira, 7, eles debateram a conveniência de sinalizar a evolução futura da política monetária e, ao mesmo tempo, avaliaram que, “na ausência de choques adicionais, o cenário inflacionário deve revelar-se confortável”.

Por outro lado, o colegiado ponderou que o maior nível de incerteza da atual conjuntura “gera necessidade de maior flexibilidade para condução da política monetária, o que recomenda abster-se de fornecer indicações sobre os próximos passos da política monetária”.

Conforme a ata, a atuação do BC terá como foco, exclusivamente, a evolução das projeções e expectativas de inflação, o balanço de riscos e a atividade econômica. “Choques de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva”, registrou a ata, repetindo ideia que vem sendo defendida pelo Banco Central em todas as suas comunicações nos últimos meses. “Em particular (os membros) reiteraram a importância de insistir na comunicação de que não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária.”

Neste contexto, a ata reafirmou a preferência dos membros do Copom em “explicitar condicionalidades sobre a evolução da política monetária, o que melhor transmite a racionalidade econômica que guia suas decisões”.

Na prática, mais do que indicar como será sua atuação na política monetária, a instituição tem procurado demonstrar como reagirá conforme o cenário apresentado. “Isso contribui para aumentar a transparência e melhorar a comunicação do Copom”, registrou a ata. “Nesse contexto (os membros) voltaram a ressaltar que os próximos passos na condução da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.”

Autor: Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
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