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EUA: suposta agente russa estava em reunião com dirigente do Fed em 2015

22/07/2018

Maria Butina, a russa de 29 anos acusada de ser uma agente estrangeira não registrada, usou suas conexões com um executivo do banco central russo para participar de reuniões com autoridades do governo dos Estados Unidos, incluindo uma com o vice-presidente do Federal Reserve em 2015.

O ex-vice-presidente do Federal Reserve, Stanley Fischer, confirmou a presença dela em uma reunião em abril daquele ano. Butina estava lá como intérprete de seu patrono, Alexander Torshin, então vice-presidente do Banco Central da Rússia. Torshin foi atingido pelas sanções do Tesouro dos EUA por fazer parte da elite russa envolvida em “atividades desestabilizadoras”, incluindo a captura da Crimeia e a ameaça à Ucrânia.

“Era padrão para os membros do Federal Reserve Board se reunirem e conversarem com contrapartes de outros bancos centrais”, disse Fischer em um e-mail. Uma coisa que chamou a atenção de Fischer é que “Torshin mencionou que ele estaria participando das reuniões da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês)”. A reunião de Fischer com os dois russos foi relatada pela primeira vez pela Reuters.

Butina foi presa na semana passada e acusada de tentar estabelecer relações com políticos republicanos por meio da NRA. Butina, estudante da American University, foi acusada de não se registrar como agente estrangeira em Washington, informou o Departamento de Justiça.

Na sexta-feira, um juiz federal ordenou que não houvesse possibilidade de fiança, alegando risco de fuga. O caso de Butina é separado da investigação sobre a intromissão russa na eleição presidencial dos EUA em 2016, embora as questões se sobreponham. O depoimento usado para prender Butina descreve uma suposta operação de influência entre 2015 e o início de 2017 que foi dirigida por um funcionário russo que não é mencionado nos documentos do tribunal, mas é identificável como sendo Torshin.

Torshin e Butina também participaram de uma conferência em abril de 2015, organizada pelo Centro para o Interesse Nacional, um centro de estudos de Washington que se concentra em assuntos externos, especialmente Rússia e China. Torshin falou sobre a economia russa, disse Paul Saunders, diretor executivo do centro. Ele disse que Torshin descreveu Butina como “uma associada que atuaria como sua intérprete”.

Um funcionário do Departamento de Estado também participou da sessão, disse Saunders. Ele acrescentou que o centro ajudou Torshin a marcar reuniões com outros funcionários do governo, que, segundo ele, era “uma ocorrência totalmente rotineira” na época. Fonte: Dow Jones Newswires.

Autor: AE
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