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As 7 lições deixadas pela eliminação do Brasil na Copa

07/07/2018
As 7 lições deixadas pela eliminação do Brasil na Copa

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Aprende-se muita, muita coisa com a Copa do Mundo. A cada quatro anos, ela nos traz lições de futebol, de vida. Algumas são definitivas. A da Rússia, a Copa dos “Haters” (aqueles que adoram odiar), não foi diferente. Acabou para a Seleção Brasileira com a derrota de 2 a 1 para a Bélgica nesta sexta-feira na Arena Kazan, mas as lições são inúmeras de um Mundial em que campeãs enfileiraram-se na queda. Seguem os belgas comandados por De Bruyne, Hazard e Lukaku para nas semifinais encarar a França, que eliminou o bicampeão Uruguai.

A promissora geração belga

O Brasil é um país acostumado a ver tudo como ou preto ou branco. A dicotomia dorme, acorda, toma café e almoça na casa de cada um. E há anos divide os críticos com relação ao rótulo que a seleção de futebol da Bélgica ganhou por unir seus melhores jogadores dos últimos anos, talvez da história. Um erro. A dicotomia impede o aprofundamento. A eliminação da Seleção para o time belga, organizado, talentoso e valente, é um tiro no peito de quem prefere desdenhar a conhecer. Evidente que eles sabem jogar. Mas também não pode ser trampolim para o oportunista: o “eu avisei!” também tem pouco a acrescentar. Até porque a vitória belga veio pelo talento de seus valores, mas também muito por erros brasileiros e casualidades.

O perigo do rótulo

Na Copa da Rússia aprendemos que rótulos podem cair com a mesma velocidade com que são colocados. Ou vai me dizer que você não se surpreendeu com a atuação impecável de Thiago Silva depois de anos com a cena do choro de 2014 martelando na cabeça de cada um? Mas e Fernandinho?

O que será desse rapaz?

De novo, o volante tem atuação desastrosa no jogo da eliminação, como foi em 2014 no 7 a 1 contra a Alemanha. O gol contra, os sucessivos erros de passes e a derrota evidente nos embates com Lukaku, que começou a jogada do segundo e determinante gol, formam ingredientes de sobra para torná-lo novamente vilão. Mas até que ponto isso é justo e, mais, inteligente? A Seleção perdeu muito sem Casemiro, seu ponto de equilíbrio, Tite bancou e insistiu com o camisa 17 até o fim da partida. É sua responsabilidade. Nem só de acertos viveu o técnico no Mundial, ao contrário.

Fernandinho teve uma jornada extremamente infeliz, mas talvez pouco seria lembrada no futuro caso a bola de Renato Augusto nos minutos finais tivesse entrado ou Courtois não impedisse o gol de Neymar nos acréscimos.

Porém, outra coisa que a Copa ensina é que a história, no futebol e principalmente no Brasil, é escrita pelos vencedores. Fernandinho não pode ser coitado. Mas talvez mudar essa necessidade de caça às bruxas nos faça evoluir mais do que conseguimos em quatro anos.

 Um tempo acachapante

Em 2010, na África do Sul, na queda para a Holanda, aprendemos que bastam 45 minutos ruins para que um projeto inteiro vá por água abaixo. Em 2018, a história se repete. O Brasil tomou um baile da Bélgica no primeiro tempo e foi para o intervalo com seu sonho destruído. Tite tentou reerguer acionando o plano B, de passar do 4-1-4-1 para o 4-4-2, mas não foi suficiente. O gol de Renato Augusto deu esperança, reacendeu a torcida brasileira, mas não deu.

Foi a terceira vez que a Seleção no comando de Tite saiu atrás no placar em 25 jogos. Tinha virado contra o Uruguai (4 a 1) e perdido para a Argentina (1 a 0). E assim perdeu a Copa. Apenas o oitavo gol sofrido. Mas num dia em que a transição defensiva, uma das marcas do trabalho de Tite, foi desastrosa.

Lição de que, mesmo com as coisas sendo razoavelmente bem feitas, como Tite até fez, não é garantia de vitória, nunca será. E por isso é sempre bom o cuidado com a exaltação exacerbada. O que houve com a Alemanha?

Os erros de Tite

A Seleção Brasileira sofreu três gols na Copa, dois deles após cobranças de escanteio. A falha na estreia contra a Suíça voltou a se repetir no embate final. Fernandinho foi infeliz, mas foi notória a desorganização brasileira nas bolas alçadas pelos belgas, que levaram perigo em lances assim.

No primeiro tempo desastroso, o buraco no meio de campo acabou com o Brasil. Muito pelo desequilíbrio entre os setores. Algo que tinha melhorado muito com a presença de Filipe Luis, mas o técnico optou pela volta de Marcelo. Onde está o erro? No critério. Na véspera do jogo, disse que o camisa 12 voltaria ao time porque havia saído por lesão e não pela questão técnica. Mas o o mesmo não foi aplicado na relação Danilo/Fagner, que ganhou a posição com a primeira lesão do titular.

Espaço para se refletir que ninguém pode estar acima do bem e do mal, mesmo que a maioria das decisões caminhe para algo positivo. Gabriel Jesus, Willian, Paulinho. Todos tiveram uma Copa muito abaixo do esperado e ainda assim iniciaram todos os jogos. Não seria motivo para uma flexibilidade?

A torcida, um caso à parte

A Rússia ensinou que o brasileiro também sabe torcer em Copa. Os jogadores não podem reclamar do apoio contra a Bélgica e em nenhum momento no Mundial. Enterraram o “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, e foram criativos. Ainda é algo novo, e portanto pode melhorar muito, mas fica a lição de que é possível se organizar melhor. Fica para o Catar.

A vergonha

A Rússia ensinou que torcer fora de seu país não pode ser pretexto para falta de respeito e outros excessos, como nos inúmeros casos de assédio a mulheres, sejam russas ou de qualquer lugar que seja. A prudência sempre ajuda.
2022: a Copa de Neymar?

O Mundial na Rússia também deixará muitas lições para Neymar. Não dá para dizer que ele jogou mal, mas esteve longe de ser o Mundial de seus sonhos. O craque tem muito a evoluir, dentro e fora do campo. Ele continuará sendo o símbolo de uma geração e pode ter seu auge no Catar, quando está beirando os 30 anos. Mas dois gols foram poucos, os penteados foram muitos, e o tom raivoso de respostas a críticos, desnecessário. Mas a Copa também ensinou a o perigo dos rótulos, lembra?

Que sejam quatro anos de conhecimento para Neymar e Cia.

BRASIL 1 X 2 BÉLGICA
Local: Arena Kazan (Kazan)
Árbitro: Milorad Mazic (SRB)
Assistentes: Milovan Ristic (SRB) e Dalibor Djurdjevic (SRB)
Cartões amarelos: Alderweireld (BEL); Meunier (BEL), Fernandinho (BRA), Fagner (BRA)
Cartões vermelhos: –
Público: 42.873 pagantes
Gol: Fernandinho (contra – 13’/1ºT); De Bruyne (31’/1ºT), Renato Augusto (31’/2ºT)

BRASIL: Alisson; Fagner, Thiago Silva, Miranda e Marcelo; Fernandinho; Willian (Firmino – intervalo), Paulinho (Renato Augusto 27’/2ºT), Philippe Coutinho e Neymar; Gabriel Jesus (Douglas Costa 12’/2ºT). Técnico: Tite.

BÉLGICA: Courtois; Alderweireld, Kompany e Vertonghen; Meunier, Fellaini, Witsel e Chadli (Vermaelen 37’/2ºT); Kevin de Bruyne, Eden Hazard e Lukaku (Tielemans 41’/2ºT).Técnico: Roberto Martínez.