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Informação é o começo para a quebra de estigmas da esquizofrenia:

15/06/2018

Esqueça todos os estereótipos que você conhece sobre pessoas com esquizofrenia. Loucura, agressividade e salivação excessiva, embora façam parte, não são uma reação espontânea e característica da doença. Com tratamento adequado, o paciente pode superar o problema e aprender a conviver com ele, trabalhar, ter família e viver de maneira satisfatória.

A quebra de estigmas começa com a forma como nos referimos ao indivíduo. “As pessoas são muito mais complexas, importantes e relevantes do que a doença que elas têm”, afirma o psiquiatra Ary Gadelha, professor adjunto do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP) e coordenador do Programa de Esquizofrenia (PROESQ) da mesma instituição.

Os dados sobre esquizofrenia no Brasil são escassos, mas, com base em números internacionais, estima-se que a doença afete de 800 mil a 1,4 milhão de pessoas. A incidência é maior em homens, uma relação de 1,5 pacientes para uma mulher.

Sintomas

Considerada uma síndrome, visto que não há apenas um fator que a defina, a doença tem como sintomas mais comuns os delírios e as alucinações. “Delírio é a alteração do pensamento. Por exemplo: a pessoa sente-se perseguida, mas a intensidade é tão grande que ela tem certeza absoluta, mesmo que ao redor não haja dados que justifiquem aquilo”, explica o psiquiatra.

Sobre a agressividade, o especialista afirma que ela se dá justamente por conta do delírio. Ao se sentirem ameaçadas, elas podem reagir dessa forma. “Não é espontâneo, pelo contrário: elas evitam contato com as pessoas porque acham que podem ser vítimas de uma perseguição”, diz.

Já a alucinação envolve algum dos cinco sentidos, geralmente o auditivo, em que se ouvem vozes em tom ameaçador. “E aqui fica evidente a necessidade de tratamento. Não é possível que alguém que se sinta perseguido ou escute vozes o tempo inteiro consiga viver bem”, afirma Gadelha.

Dificuldade de expressar emoções e sentimentos, falta de vontade ou de tomar decisões e ausência completa ou pobreza na fala também podem surgir nos portadores da síndrome. Esse sintomas, no entanto, “são mais difíceis de entender e não respondem tão bem às medicações”, afirma o psiquiatra.

A doença envolve ainda desorganização do pensamento ou comportamental, prejuízos na atenção, memória ou funções motoras, além de alterações de humor e ansiedade. Os sintomas depressivos existem como parte da síndrome quando, por exemplo, a pessoa acha que outros pensam algo negativo sobre ela, o que afeta a autoestima.

Autor: Ludimila Honorato
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