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Tetra da MotoGP e com irmão campeão da Moto3, Márquez revoluciona e já vê legado

16/04/2018

Na casa da família Márquez, quando todos estão juntos, o assunto não é motocicletas, curvas e velocidade. Pelo contrário. Os irmãos Marc, tetracampeão mundial de MotoGP, e Álex, campeão da Moto3, conversam sobre coisas do cotidiano. Os dois competem em categorias diferentes no Mundial de Motovelocidade e têm muita coisa em comum, principalmente o talento nas pistas.Marc é o irmão mais famoso e o mais falador. Considerado um dos melhores pilotos de todos os tempos, ele mudou o jeito de pilotar uma moto. “Comecei a introduzir o cotovelo nas curvas. Pouco a pouco foram vendo que existe vantagem nisso, como ter quatro rodas de apoio, as duas da moto, o joelho e o cotovelo. Agora vejo as crianças pequenas que já vão com o cotovelo na pista também. Daqui a pouco é o ombro”, brinca o corredor, em entrevista ao Estado, durante sua passagem pelo Brasil.A explicação é simples. Se antes os pilotos deitavam a moto nas curvas e quase raspavam o joelho no chão, agora o ponto mais próximo do solo é o cotovelo. A ousadia é premiada com mais velocidade, talvez a diferença entre chegar em primeiro e em qualquer outra posição. “Nossos pais eram fãs de motos e fomos criados nesse mundo. Compramos uma, gostamos e fomos curtindo essa adrenalina de pilotar, pois não é a mesma coisa que dirigir um carro. É um estilo de vida diferente”, defende Marc Márquez.O passatempo não era barato, ainda mais para uma família sem luxos. Nas férias, muitas vezes os Márquez deixavam de viajar para investir no esporte. “Eu tive a sorte grande, senão não estaria aqui. Aos 9 anos de idade, uma equipe me contratou e isso tirou qualquer gasto da minha família com a modalidade. A partir dali tudo engrenou”, comentou Marc, que está com 25 anos.Álex, que tem apenas 21 e disputa a competição de Moto2, de menor cilindrada, está traçando seu próprio caminho nas pistas. “Quero ter uma trajetória própria e é muito importante o apoio que tenho do meu irmão. Muita gente olha para essa situação com vantagens e desvantagens. Por um lado, existe a pressão por ser irmão do Marc. Por outro, ele me ajuda a pilotar, dá opinião. E tenho a sorte de poder treinar com ele, isso é o que mais conta para mim.”A rotina de competições é grande, mas em Cervera, uma pequena cidade na Espanha com menos de 10 mil habitantes, eles encontram refúgio na casa dos pais – Marc diz, orgulhoso, que está construindo sua própria casa. Lá, eles têm as recordações de suas conquistas e da infância. “Nossos troféus estão expostos em um local bem bonito. Estão lá as quatro motos em que ganhei os campeonatos, a dele também, em duas salas diferentes da casa”, revela Marc.Os dois irmãos têm personalidades parecidas, gostam das mesmas coisas, saem para esquiar quando podem e adoram futebol, seja jogando ou torcendo para o Barcelona. A expectativa é de que no futuro ambos estejam na mesma categoria, competindo entre si. O hobby da família Márquez também é trabalho. “É um sonho que virou realidade. O dinheiro não é o mais importante e sim a felicidade. Sempre que posso tento ajudar quem mais necessita e sigo vivendo no mesmo local, próximo da família e dos amigos. A vida mudou, mas ainda mantenho minhas raízes”, comentou Marc.

Autor: Paulo Favero
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