Alagoas

Projeto da Ufal desenvolve aplicativo que colabora com a terapia de crianças autistas

08/03/2018
Projeto da Ufal desenvolve aplicativo que colabora com a terapia de crianças autistas

Já pensou em alinhar diversão e terapia para crianças autistas em um único aplicativo? Essa é a pesquisa que o projeto Sistema interativo para Autistas (SIA) está desenvolvendo em Arapiraca. De acordo com os pesquisadores, uma a cada 68 crianças é diagnosticada com Transtornos do Espectro Autista (TEA) em todo mundo. Elas apresentam limitação ou ausência de comunicação verbal, falta de interação social e padrões de comportamento restritos, estereotipados e ritualizados.

Não diferente de outras crianças, a atração de crianças autistas por aparelhos tecnológicos é frequentemente relatada por seus pais e diversas pesquisas sobre como as novas tecnologias podem colaborar no tratamento das crianças autistas têm sido desenvolvidas. A partir da visita do professor da Ufal Thiago Bruno de Melo Sales ao Espaço Trate, surgiu a intenção de criar um projeto de extensão com objetivo de criarum produto que potencializasse o desenvolvimento cognitivo dos pacientes com autismo.

Assim, em dezembro de 2012 teve início o SIA, projeto referência para trabalhos menores, mais específicos. O SIA escolheu o Espaço Trate como parceiro para o desenvolvimento do projeto por ser a única clínica em Arapiraca que se dedica exclusivamente ao atendimento de crianças com autismo. A partir da pesquisa e com o acompanhamento dos profissionais do local, foi desenvolvido um game virtual por meio do App TEO.

Tratar, Estimular e Orientar

Para cada cinco crianças afetadas pelo espectro autista, quatro delas são meninos, e por esse motivo, a cor que simboliza o autismo é o azul. Por meio dessa observação, foi escolhido o personagem com o qual a criança interage no jogo, que é um garoto chamado Teo. A escolha do nome não foi aleatória. As palavras que formam a sigla do projeto são: Tratar, Estimular e Orientar.

O menino Teo permite que os garotos façam uma correlação entre si e o personagem e sejam melhor inseridos no jogo. Outra característica interessante é que o TEO se diferencia dos outros aplicativos existentes para autistas por ser voltado para o tratamento, enquanto os outros são voltados para educação, como enfatiza o professor Thiago.

“Os jogos que estão lá, são escolhidos justamente para incentivar o desenvolvimento cognitivo, não são aleatórios. São jogos já utilizados no mundo físico e que foram adaptados para o aplicativo. As psicólogas também têm a indicação de só usar o aplicativo com algumas crianças”, explica.

O design do jogo foi todo pensado nas características visuais que mais beneficiaram os seus usuários. “Nós tivemos dificuldade pra montar um aplicativo que realmente ajudasse no desenvolvimento das crianças autistas. Cores, tamanhos de peças, brilho, tudo teve que ser pensado para as necessidades específicas dessas crianças. Muitos jogos que nós levamos como proposta não foram recomendados pelos psicólogos”, conta o professor.

TEO na terapia

Apesar de ser um aplicativo eletrônico, o TEO foi pensado para que as crianças possam desenvolver sociabilidade, por isso, ao utilizar, são sempre acompanhadas por um profissional. “Nós indicamos que o aplicativo seja utilizado na presença de um adulto, para promover a interação com a criança”, ressalta Thiago.

Pessoas com Transtorno de Espectro Autista apresentam certa facilidade com cálculos, memorização de imagens e percepção de padrões. Os jogos disponíveis na plataforma ajudam no desenvolvimento justamente dessas áreas, fazendo com que as crianças desenvolvam ainda mais habilidades com as quais já apresentam familiaridade.

Além de áreas como matemática e relacionadas à memória, o app ainda conta com um jogo onde a criança deve colocar as roupas na ordem correta no Teo, fazendo com que a rotina da utilização do vestuário, coisa que algumas das crianças apresentam dificuldade em aprender, seja internalizada e assimilada de maneira mais simples e lúdica.

O TEO é usado no tratamento de crianças de diferentes idades e com diferentes níveis de autismo. Thiago explica que cada caso precisa de uma recomendação específica dada pelos profissionais da clínica. O app se encontra disponível para download na PlayStore, mas o professor recomenda que apenas seja usado com o acompanhamento, para que haja interação entre as crianças e o adulto e os objetivos de aprendizado e terapia sejam obtidos. Para encontrá-lo, basta pesquisar por TEO – Autismona Google Play.

Atualmente, o projeto está recolhendo os dados das pesquisas desenvolvidas, assim, ainda não há resultados fechados sobre as melhorias apresentadas pelas crianças que utilizaram o app em sua terapia.