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China: permanência de Xi deve concentrar discussões em sessão do Parlamento

04/03/2018

A perspectiva de que o presidente da China Xi Jinping possa governar por um número ilimitado de mandatos será a discussão dominante na sessão anual da legislatura chinesa, que começa na segunda-feira. A emenda constitucional que modifica o limite de dois mandatos para presidente ressalta a posição de Xi como figura política mais importante da China em décadas.

A mudança despertou preocupação sobre o que isso poderia significar para a política doméstica e a posição internacional da China. O Partido Comunista não permite nenhum debate público, embora alguns membros tenham manifestado oposição em postagens de mídia social.

Embora vista como oferecendo estabilidade no curto prazo, a perspectiva de Xi como presidente por um longo período causa preocupações com suas intenções a longo prazo e um retorno ao governo de um homem só ao estilo dos imperadores chineses ou de Mao Tsé-Tung. Juntamente com o ressurgimento dos temores de maior repressão política, o movimento prejudica um impulso de décadas para uma maior institucionalização das alavancas de poder e do reforço do Estado de direito. Também desperta questionamentos sobre o processo de sucessão futura e parece frear qualquer possibilidade de liberalização política que acompanhe a sociedade cada vez mais individualista da China.

Cheng Li e Ryan McElveen, da consultoria Brookings Institution, escreveram que algumas pessoas podem ver a remoção de restrições de mandatos como “prenunciando um retorno a uma era de disputa viciosa de poder”. Há preocupações também sobre a pressão pela emenda constitucional, com pouco sinal de um firme consenso a favor. Houve rumores de oposição dentro do partido mesmo antes do anúncio de 25 de fevereiro.

No domingo, o porta-voz do congresso Zhang Yesui defendeu a emenda como necessária para garantir a unidade dos três altos cargos de Xi como presidente, líder do Partido Comunista e chefe da Comissão Militar Central. O movimento é “propício para manter a autoridade do Comitê Central (do Partido Comunista) com Xi Jinping no núcleo”, disse Zhang. Fonte: Associated Press.

Autor: AE
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