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Mães em tratamento da dependência química lamentam distância dos filhos

13/05/2017
Mães em tratamento da dependência química lamentam distância dos filhos
Mulheres moram no abrigo e não vão ver os filhos no domingo (Foto: Hágata Christye/G1)

Mulheres moram no abrigo e não vão ver os filhos no domingo (Foto: Hágata Christye/G1)

Dizem que o melhor presente de Dia das Mães é um abraço do filho. Mas, em Maceió, algumas mulheres que estão passando por tratamento da dependência química vão passar a data, celebrada no domingo (14), sem essa oportunidade. Em vez do abraço, a saudade.

Flávia de Amorim, de 37 anos, está em tratamento na Casa de Acolhimento Betânea há quase dois meses. Ela conta que tem seis filhos, mas não os vê desde o início do internamento.
“Comecei [a usar drogas] com uns 13 anos. Quando fiz 17, consegui parar e passei 15 anos sem usar. Depois que eu fiquei viúva comecei a usar drogas novamente. Quando voltei foi pior, porque eu me drogava o tempo todo”, relatou.

Os dois filhos mais novos de Flávia, dos quais sente mais saudades, moram com a avó paterna em uma fazenda no município de Capela, distante 66 km da capital, mas ela ainda é guardiã legal das crianças. Elas não conseguiram visitar a mãe no início do mês, quando a clínica antecipou a comemoração das mães, por conta da distância.

“No meu pensamento, eu acho que a minha filha vai se apegar a avó e esquecer de mim, porque ela é muito pequena. Vou me recuperar para eles dois. Me apego primeiramente a Deus e me lembro dos dois pequenos. Se eu continuasse [usando drogas], iria terminar perdendo os dois. Agora, é por eles que eu tenho que continuar lutando”, confessa.Esperançosa, Flávia conta seus planos para o futuro.

“Quando eu sair daqui vou vê-los de novo. E eu quero fazer o que eu fazia antes, que dar muito carinho. Agora, a distância é melhor porque eu posso dar mais amor quando reencontrá-los”.
Já a Maria de Nazaré da Anunciação, de 35 anos, não tem relação com os filhos há mais de quatro anos.

Ela tem quatro filhos e é a segunda vez que passa pela casa de acolhimento.
“No meu primeiro internamento eu não tive contato com os meus filhos, porque eu rejeitei. Eu não quis, não me senti preparada para ver meus filhos. Eu só mantinha contato com o mais velho para saber dos outros”, lembra.

Arrependida, Nazaré conta que começou a usar maconha com 16 anos e há 14 é viciada em crack. “O crack me fez abandonar minha família, meus filhos. A droga me fez me sentir a pior mulher. Desgraçou a minha vida”, disse.

Ela morava no Recife, em Pernambuco, e as drogas a trouxeram para Maceió. Na capital alagoana, ela morou dois anos nas ruas e se internou por seis meses, que é o período máximo que a casa permite. Depois, ela voltou a usar drogas e há três meses retornou para a casa de acolhimento.

Nazaré deixou os quatro filhos na cidade natal. Esse é o quarto Dia das Mães que ela passa sem vê-los. “A minha expectativa é a minha cura. Vou trabalhar e rever meus filhos. É muito ruim saber que está chegando o Dia das Mães e não ter o amor deles. Antes das drogas, nunca passei um Dia das Mães sem eles, sempre fui família”.