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A instrução pública na visão de Tavares Bastos e de Graciliano Ramos

03/05/2017
A instrução pública na visão de Tavares Bastos e de Graciliano Ramos

No aniversário do Mestre Graça, resolvi escrever sobre os Programas de Instrução Pública em Alagoas na época de Tavares Bastos (1861-1873) e de Graciliano Ramos (1932 a 1936). Tavares Bastos tinha se convencido de que só através da Instrução Público (por meio da Educação Pública) poderia ocorrer uma regeneração moral na população, para que o Brasil passasse a pertencer à comunidade das nações civilizadas.

Com uso de Panfletos, Tavares Bastos defendeu um “programa de instrução pública” marcado pela escola com professores adequadamente preparados e habilitados para o exercício da função, que deveria ser complementada por condições materiais adequadas, como instalações de prédios, aquisição de livros, e uma prática pedagógica alicerçada nos princípios da cientificidade.

Tavares Bastos, entre 1861 a 1873, defendia um conjunto de conhecimentos que prepararia o aluno e o profissional para o mercado futuro do trabalho. Ele advogava a idéia de uma escola gratuita e universal, com ensino obrigatório, em escola mista, com programa de ensino voltado, principalmente, para as disciplinas baseadas em princípios práticos e que possibilitassem ao aluno um tipo de conhecimento mais adequado às necessidades oriundas das transformações da indústria, do comércio e da agricultura.

Ambos, Tavares Bastos e Graciliano Ramos, adotaram concepções semelhantes em épocas diferentes, a partir do modelo morte-americano. O Primeiro um teórico e o segundo um prático.
Graciliano Ramos, famoso romancista, que exerceu também atividades políticas, como a de prefeito em Palmeira dos Índios (1928) e a de Diretor da Imprensa Oficial de Alagoas (1931). Atuou na área da educação, como professor e diretor da Instrução Pública de Alagoas (1932-1936), quando, por motivos políticos, foi demitido e preso, sendo enviado à prisão no Rio de Janeiro.

A importância que deu à educação durante seu mandato como Prefeito em Palmeira dos Índios, valeu a Graciliano Ramos o convite para o cargo de Diretor da Instrução Pública de Alagoas (1932-1936), correspondente hoje ao de Secretário Estadual de Educação. Nos anos que se seguiram, Graciliano Ramos revolucionou os métodos de ensino em Alagoas. Oportuno lembrar que a razão da escolha de Graciliano Ramos para administrar a escolarização pública, em 18 de janeiro de 1933, por ato do Governador Afonso de Carvalho, conforme noticiou o periódico “O Semeador”: “justificava-se por três motivos: primeiro, por sua notoriedade no meio literário, segundo, por sua administração na Prefeitura de Palmeira dos Índios”.

A partir das ações públicas de Graciliano Ramos, no exercício de Diretor da Instrução Pública de Alagoas, observa-se que ele foi rigoroso no uso das verbas públicas para atender as necessidades da escola destinada ao povo. Destarte, apesar do pouco tempo gerindo a escolarização do Estado, Graciliano Ramos esforçou-se para abolir o perfil da instituição escolar de Alagoas retratado em sua literatura, onde a escola representava os moldes tradicionais, com professores sem formação qualificada para o magistério e o pouco valor na profissão docente, com um ensino que não problematizava a vida do aluno e com o uso rotineiro de castigos corporais escolares.

No período em que Graciliano Ramos geriu a escolarização nas Alagoas, é válido esclarecer que ele implementou melhorias significativas na escolarização. Como se sabe, por parte de Graciliano Ramos houve uma preocupação com a infância pobre, a estrutura física das escolas e com a formação para o exercício docente, visto que eram e ainda são aspectos fundamentais na estruturação de qualquer sistema de ensino.

Como contribuição para a escolarização no Estado, ressalta-se que ele promoveu novidades, como o fardamento escolar, a criação de jardins de infância separados dos grupos escolares, a valorização das professoras primárias despendendo uma gratificação anual no salário delas, a recriação da inspeção escolar a fim de fiscalizar o ensino.

Acrescente-se ainda que ele reformou prédios escolares e criou grupos escolares na capital e no interior, tendo em vista a substituição das escolas isoladas. Com a distribuição de material escolar, o Mestre Graça aumentou as matrículas de alunos nas instituições de ensino, em número considerável… Pensemos nisso! Por hoje é só.