Política

Lava Jato: Ex-governador Téo Vilela recebeu propina de R$ 3 mi, segundo delação

27/03/2017
Lava Jato: Ex-governador Téo Vilela recebeu propina de R$ 3 mi, segundo delação
O ex-governador de Alagoas e presidente do PSDB, Teotônio Vilela Filho, está envolvido em acusações de delatores (Foto:  tribunahoje)

O ex-governador de Alagoas e presidente do PSDB, Teotônio Vilela Filho, está envolvido em acusações de delatores (Foto: tribunahoje)

O ex-governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, teria recebido R$ 2,8 milhões em propina durante seu mandato, segundo revelaram delatores da Odebrecht, durante a Operação Lava Jato.

Ainda conforme os delatores, o repasse se deu devido à atuação de presidente do PSDB alagoano, em favor da empreiteira que atuaram nas obras do Canal do Sertão, o maior projeto de infraestrutura hídrica do governador tucano, que comandou o Estado por dois mandatos consecutivos, de 2007 a 2014.

O ex-governador teria cobrado à Odebrecht 2,25% de propina de contratos da obra, segundo disseram à Procuradoria-Geral da República executivos e ex-executivos da empreiteira que firmaram acordo de delação. Ainda segundo eles, o dinheiro teria sido repassado a Teotonio Vilela Filho e a outros dois agentes públicos ligados à Secretaria de Infraestrutura do Estado.

Um dos delatores que trataram do assunto foi João Pacífico, que era diretor do grupo na região Nordeste. Como contrapartida, as licitações das obras do lote quatro, teriam sido direcionadas à Odebrecht. Eles delatores também afirmaram que o lote três foi direcionado à OAS.

Todas as negociações e pagamentos, segundo os delatores, foram feitos  enquanto Téo ainda estava governando o Estado. O dinheiro teria sido pago pela área de operações estruturadas da Odebrecht, que era considerada o ‘departamento responsável pelos pagamentos ilícitos do grupo’.

Outros políticos se beneficiaram das obras do canal do Sertão, segundo os delatores. Entre eles, o senador Fernando Bezerra (PSB-PE), que, naquela época, era ministro da Integração Nacional (2011-2013) do governo da então presidente Dilma Rousseff.

Ainda de acordo com a Odebrecht, os recursos para as obras eram originárias da pasta de Bezerra e, por isso, foi acordado com ele o aporte de cerca de R$ 1 milhão direcionado para sua campanha ao Senado, em 2014.

O dinheiro também teria sido repassado por meio de caixa dois, pago como reconhecimento pela atuação de Bezerra a favor da Odebrecht nas obras do canal.

Na última terça-feira, 21, as delações foram fundamentais para uma nova fase da Lava Jato, desta vez contra pessoas ligadas aos senadores Valdir Raupp (PMDB-RO), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Humberto Costa (PT-PE). Nenhum parlamentar teria sido alvo diretamente.

Projetado abastecer cerca um milhão de pessoas no Semiárido ao custo de R$ 1,5 bilhão, o canal está em construção há mais de dez anos e ainda não chegou nem à metade do projeto inicial. Até agora, do 250 km previstos, tem 107 quilômetros concluídos, atendendo a 160 mil pessoas.

Além da Odebrecht e da OAS, a Queiroz Galvão também participou da obra. Todas estão sendo alvo da Lava Jato.

Por sua vez, Téo Vilela disse, através de sua assessoria, que nunca negociou favorecimentos e nem autorizou ninguém a fazê-los em seu nome ou do Governo do Estado. Já a defesa de Fernando Bezerra Coelho  afirmou desconhecer qualquer menção ao senador durante a operação realizada na terça e garante que Bezerra está à disposição das autoridades para os esclarecimentos possíveis.