Política
Condenação de Cunha abre espaço para possível delação
Ainda que em primeira instância, a condenação do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara, é a abertura de caminho para um pedido de delação premiada.
Até aqui, a prática do Tribunal Regional Federal da 4ª Região tem sido a de confirmar a sentença da primeira instância – no caso de Cunha, prisão de 15 anos e quatro meses.
A questão que fica é se o pedido será ou não aceito pelo juiz Sérgio Moro que, a esta altura, tem muitas outras fontes de informação sobre a corrupção que permeou o mundo político nos últimos anos.
Além disso, vale observar que nos últimos casos, a Justiça foi mais severa na concessão dos benefícios à contrapartida da delação.
Um exemplo é o caso de Marcelo Odebrecht que, mesmo em delação premiada dele e de mais 78 dirigentes e ex-dirigentes da empreiteira, recebeu condenação de dez anos, dividida em quatro partes – a primeira, de dois anos e meio em prisão fechada; a segunda no regime semi-aberto; mais dois anos e meio em regime aberto e os dois anos e meio restantes em prisão domiciliar.
Desde que chegou a Curitiba, Cunha dá demonstrações de que não iria cair sozinho – poderia revelar o que se passou no mundo político ao seu lado.
Um sinal claro foi quando indicou o presidente Michel Temer como testemunha e preparou 41 perguntas, muitas delas rejeitadas pelo juiz Sérgio Moro, que as viu como tentativa de constranger o presidente da República.
Na sentença desta quinta-feira, Moro faz referência a essas perguntas preparadas por Cunha. O temor do juiz era o de que alguém pudesse tomar alguma iniciativa para inibir as ações da Lava Jato.
A condenação de Cunha desperta ainda temor no Congresso entre aqueles que estão citados na Lava Jato. É aquele temor de “ser o Cunha amanhã” – ou seja, perder o mandato e cair nas mãos do juiz Sérgio Moro, o responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância da Justiça.
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