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Bispo de Palmeira enfrenta um dos maiores desafios da vida eclesiástica: a fome e a sede vivida pelo palmeirense

02/03/2017
Bispo de Palmeira enfrenta um dos maiores desafios da vida eclesiástica: a fome e a sede vivida pelo palmeirense
Dom Dulcênio: preocupado coma situação de vida do palmeirense (Foto: Cortesia)

Dom Dulcênio: preocupado coma situação de vida do palmeirense (Foto: Cortesia)

Às vésperas de completar 11 anos em Palmeira dos Índios, o bispo dom Dulcênio Fontes de Matos, 59, natural de Lagarto (SE), conta que está enfrentando, durante todo este período, um dos maiores desafios da vida eclesiástica: a fome, além da sede vivida há anos na cidade. Para ajudar a amenizar esse problema, acionou o arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz, e o bispo de Penedo, dom Valério Breda, no sentido de auxiliar em uma campanha para amenizar a sede e a fome da população mais humilde. “O trabalho pastoral está sendo reforçado nos bairros onde registramos o grave problema da fome e da sede em Palmeira”, adverte.

Sob a responsabilidade da Cáritas Diocesana de Palmeira, estão sendo recolhidos, há mais de 15 dias, alimentos e água para as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade alimentar e pobreza domiciliar, “o que não se via há muitos anos nesta cidade”, atesta Dom Dulcênio.

A Cáritas é uma entidade de promoção e atuação social, que trabalha na defesa dos direitos humanos, da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável solidário. Sua atuação é junto aos excluídos em defesa da vida e na participação da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural.

São 36 paróquias sob a responsabilidade do bispo de Palmeira e da Cáritas, onde essas cidades também estão passando por esse mesmo problema. Muitas delas realizam o retiro espiritual durante o período pré e pós carnavalesco. “Não temos nada contra quem brinca e se diverte durante o Carnaval, mas algumas das nossas paróquias optam pelo retiro, como o colégio como o Pio XII, no Centro”, explica.

O Pio XII foi modelo de educação, formação e exportação de jovens para diversas universidades do País. Fornecia oportunidade para estudantes humildes que não tinham recursos para pagar escola particular. O corpo docente dessas unidades de ensino foi, por anos, referência no Nordeste. “Defendemos o povo de Deus que vai brincar com responsabilidade nesses retiros”, alega.

Campanha da Fraternidade – Sob o tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação” a Campanha da Fraternidade deste ano começa na quarta-feira de cinzas e acontece durante o ano todo. Dura até o final do ano, juntamente com o Ano Litúrgico, onde são desenvolvidas várias atividades pastorais.

Já a Coleta da Solidariedade é realizada no Domingo de Ramos, onde o valor arrecadado nas missas é dividido entre o Fundo Diocesano de Solidariedade e o Fundo Nacional de Solidariedade, que são destinados aos projetos sociais da comunidade diocesana e para o fortalecimento da solidariedade entre as diversas regiões do País.

“É uma campanha de mais de 50 anos e que, este ano, nos leva a cultuar e guardar a criação, para promover a relação fraterna com a vida à luz do Evangelho, no momento de começarmos o caminho para a Páscoa e, neste ano em especial, reforçando o respeito pela natureza”, explica.

HISTÓRICO – Dom Dulcênio Fontes de Matos nasceu em 19 de outubro de 1958, na cidade de Lagarto, em Sergipe. Ingressou no seminário em 1979, estudando Filosofia em Brasília e Teologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Foi ordenado sacerdote em 1985, exercendo a função nas paróquias da diocese de Estância.

Em 18 de abril de 2001, depois de 15 anos de ministério sacerdotal, foi nomeado bispo Titular de Cozila e Auxiliar na Arquidiocese de Aracaju pelo Papa João Paulo II. Foi o bispo mais jovem do episcopado brasileiro. Foi sagrado bispo em 16 de junho de 2001. Escolheu, para a vida episcopal, o lema ‘Pro Mundi Vita’ (Para a Vida do Mundo) (Jo 6,51).

Depois de cinco anos em Aracaju, no dia 05 de julho de 2006, o Papa Bento XVI nomeou Dom Dulcênio como Bispo Diocesano de Palmeira dos Índios. No dia 09 de setembro, tornou-se o quarto Bispo de Palmeira dos Índios.

Nesse período, dom Dulcênio criou paróquias, organizou a Diocese nos campos pastoral, missionário, administrativo e financeiro, além do apoio a instituições sociais como Cáritas Diocesana, Lar da Criança e Vila do Idoso. Trouxe para a Diocese instituições como a Fazenda Esperança Nossa Senhora do Amparo, que recupera dependentes químicos e a Casa do Menor, que acolhe crianças carentes em situação de risco. Reformou o Centro de Treinamento Pastoral Pio XII, local destinado ao apoio às pastorais e movimentos católicos, e fomentou o fortalecimento do Colégio Diocesano Sagrada Família.

Dom Dulcênio é um bispo presente nas paróquias da Diocese, visitando cidades, comunidades rurais, instituições e promovendo um crescimento missionário através da participação dos leigos.

Outro trabalho relevante de Dom Dulcênio se refere à formação de seminaristas e sacerdotes, fazendo com que a Diocese de Palmeira dos Índios tenha aumentado a quantidade de seminaristas e novos sacerdotes. Por onde passa, sempre fala do grande trabalho desenvolvido pelos padres da diocese, tanto no campo da evangelização, quando na formação, administração paroquial e acolhimento aos fiéis.