Política

Palmeira dos Índios mantém mesmo número de vereadoras eleitas para a Câmara

31/10/2016
Palmeira dos Índios mantém mesmo número de vereadoras eleitas para a Câmara

Os eleitores de Palmeira dos Índios elegeram, no último pleito de 2 de outubro, apenas duas mulheres para vereadoras, das 15 vagas existentes na Câmara do município. Com isso, foi mantido o mesmo quantitativo feminino que já existia no legislativo palmeirense. Joelma Tenório Toledo foi eleita com 1.038 votos, enquanto Ana Adelaide França conquistou 932 votos, ambas do PMDB.

Mas por que será que ainda existe um número tão inexpressivo de mulheres em cargos políticos no estado de Alagoas, e também no Brasil? A resposta vem das próprias vereadoras eleitas. Para elas, o problema não está só no próprio eleitorado feminino que não prestigia e nem vota em outras mulheres, mas também na participação tímida das mulheres dentro do quadro político e da falta de interesse pela política.

Joelma Tenório Toledo, professora há 20 anos, é presidente do PMDB Mulher em Palmeira e desde cedo tomou interesse pela política. Esposa do ex-vereador Pedro Alberto, foi ele o maior incentivador de sua carreira política. Mas essa afinidade vem de longe. Seus primos e tios (Emídio Tenório e José Tenório) também ocuparam cargos na Câmara municipal. “Essa veia política vem da família mesmo. Mas não posso deixar de dizer que o meu maior incentivador sempre foi o meu marido. Eu o acompanhava nas caminhadas durante as campanhas, quando ele foi vereador, e comecei a me interessar ainda mais. Nesta campanha conheci muita gente e a realidade de cada pessoa. Sei que muitos não se interessam pela política, que acham chato. Mas não é verdade. A política está em tudo que nós fazemos e as mulheres precisam estar mais engajadas nesse processo”, ressaltou.

E foi por perceber que precisava estar engajada em todo esse processo que ela concorreu, pela primeira vez, a uma cadeira na Câmara em 2012. Não foi eleita, mas como suplente assumiu diversas vezes a função de vereadora e conheceu de perto os desafios de legislar em Palmeira dos Índios. “Sempre percebi que as pessoas precisam de um político presente, que as represente de fato. Apesar dos desafios serem muitos, acredito na sensibilidade feminina, no olhar que pode transformar as coisas. Pretendo honrar os votos que recebi, mas acima de tudo, assumir um compromisso com todos. Não vou representar apenas os 1.038 votos, mas uma população de mais de setenta mil habitantes e com isso a minha responsabilidade se torna maior ainda. Precisamos estar unidos nisso e o apoio de outras mulheres é muito importante”, avaliou Joelma.

Com relação aos projetos que pretende elaborar na Câmara, Joelma disse que pretende, junto com os outros 14 vereadores e o prefeito eleito, trabalhar em benefício da população e para a construção de uma sociedade mais justa e digna para todos. “Tenho grandes projetos. Peço que as pessoas visitem a Câmara, acompanhem as sessões e vejam como trabalham os vereadores. E peço que as mulheres, principalmente por elas serem um maior número nos prestigiem também”, completou.

Adelaide França também compartilha da mesma opinião de que deveria existir um engajamento maior das mulheres na política de forma efetiva. Na advocacia há 10 anos ela é formada em Letras, é casada, mãe de três filhos e saiu vitoriosa na primeira vez que decidiu participar de uma eleição municipal.

Assim como Joelma, Adelaide também entrou para o mundo da política ainda na infância. Segundo ela, foi com o tio Jota Duarte, ex-prefeito de Palmeira dos Índios, que começou a dar os primeiros passos em direção a essa caminhada que ela chama de dura, mas também de interessante. Os primos e o marido, o advogado França, também foram vereadores. O filho de Ana Adelaide, França Júnior, também advogado e professor, está em seu último mandato na Câmara do município e não quer mais disputar a eleição para  se dedicar, exclusivamente, à vida acadêmica.

Mas para Ana Adelaide, a participação das mulheres neste universo poderia ser bem maior, mas, os partidos não investem e não empoderam a classe feminina. “Muitas mulheres entram na política sem condições financeiras. Não chegam recursos para nós. Entrei na política porque gosto, porque acompanhei meu tio Jota, ainda criança, visitando os sítios de caminhão, com minha mãe. Depois com meus primos e meu marido, que foi presidente da Câmara, presidente da União dos Vereadores de Alagoas (Uveal), vice-prefeito do governo de Albérico Cordeiro e por último com o meu filho, que está terminando seu segundo mandato. Acho que meu filho se decepcionou com a política. Não é só o eleitor que se decepciona com a política. Ele nunca me disse isso, mas é o que sinto. Mas política traz isso, traz alegria e decepção. Na eleição, por exemplo, achei que minha votação seria bem maior devido ao grande número de mulheres eleitoras que temos no município, mas isso não aconteceu. Falta a nós mulheres valorizarmos umas às outras”, comentou.

E por pensar assim, Adelaide disse que vai encabeçar um movimento para atrair mulheres, principalmente as mais jovens, para a política. Segundo ela, é preciso que as eleições sejam de fato disputada com o mesmo percentual de homens e mulheres. “Tem que ser uma disputa por igual e não ter apenas aqueles trinta por cento para cumprir a legislação. Para mim, isso é enganar a legislação. Porque as mulheres são colocadas ali, mas os homens não dão condições para que elas vençam. E tenho certeza de que se tivéssemos mais mulheres nos cargos políticos a história seria outra. Juntas, as mulheres podem fazer muito mais, pois temos uma visão diferenciada das coisas”, garantiu a advogada.