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Bumba-meu-boi é destaque em passagem da tocha olímpica

13/06/2016
Bumba-meu-boi é destaque em passagem da tocha olímpica
Bumba-meu-boi, Patrimônio Cultural do Brasil (Foto: Edgar Rocha)

Bumba-meu-boi, Patrimônio Cultural do Brasil (Foto: Edgar Rocha)

Há cinco anos, o bumba-meu-boi do Maranhão foi registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), entidade vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), como Patrimônio Cultural do Brasil. A tradicional festa é uma das principais manifestações culturais de São Luís (MA) e esteve presente durante a passagem da Tocha Olímpica pela cidade, ontem (12).
O centenário grupo Boi do Maracanã foi um dos participantes da programação cultural olímpica na passagem da tocha pela capital maranhense. Maria José Soares, presidente do grupo, contou que a expectativa foi grande e que, após um mês de dedicação quase exclusiva, o boi estava pronto para a festa. A apresentação contou com cerca de 200 pessoas. Maria José fez parte da oitava geração a cuidar do Boi do Maracanã.
“Quando o bumba-meu-boi se tornou patrimônio cultural, trouxe benefícios porque valorizou essa manifestação cultural”, destaca Maria José. “Isso faz com que a gente se dedique mais e trabalhe mais o lado sociocultural”, afirma.
O bumba-meu-boi abrange não apenas a figura central do boi, mas diversas outras manifestações culturais. Entre elas, há, por exemplo, performances dramáticas, musicais e coreográficas, além de artesanatos, como os bordados do boi e a confecção de instrumentos musicais artesanais.
Profundamente enraizado no cristianismo e, em especial, no catolicismo popular, o bumba-meu-boi envolve a devoção aos santos juninos São João, São Pedro e São Marçal. Contudo, os cultos religiosos afro-brasileiros do Maranhão, como o Tambor de Mina e o Terecô, também estão presentes nessa celebração, uma vez que ocorre o sincretismo entre os santos juninos e os orixás, voduns e encantados que requisitam um boi como obrigação espiritual.
A história por trás do folguedo, que extrapola a mera brincadeira, é apresentada como a morte e a ressurreição de um boi especial. As apresentações cômicas são feitas com grande participação do público e são entremeadas por toadas curtas contando a história sobre um boi precioso e querido pelo seu amo e pelos vaqueiros.

Tambores de crioula

Outra manifestação cultural típica do Maranhão que foi registrada pelo Iphan como Patrimônio Cultural e que também estará presente durante a passagem da tocha são os tambores de crioula do estado.
Seja ao ar livre, nas praças, no interior de terreiros ou associado a outros eventos e manifestações, é realizado sem local específico ou calendário pré-fixado e praticado especialmente em louvor a São Benedito. Essa manifestação afro-brasileira ocorre na maioria dos municípios do Maranhão, envolvendo uma dança circular feminina, canto e percussão de tambores. Dela participam as coreiras ou dançadeiras, conduzidas pelo ritmo intenso dos tambores e pelo influxo das toadas evocadas por tocadores e cantadores, culminando na punga ou umbigada – gesto característico, entendido como saudação e convite.