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Morre Cauby Peixoto, aos 85 anos

16/05/2016
Morre Cauby Peixoto, aos 85 anos
Entre fevereiro e março de 2015, Cauby foi hospitalizado para tratar do diabetes (Foto: genteig.com)

Entre fevereiro e março de 2015, Cauby foi hospitalizado para tratar do diabetes (Foto: genteig.com)

Um dos maiores cantores brasileiros, provido de uma voz imponente que remetia à era de ouro do rádio, Cauby Peixoto morreu na noite deste domingo, 15, por volta das 23h50min, aos 85 anos, em São Paulo. O artista estava internado no Hospital Sancta Maggiore desde o dia nove, devido a uma pneumonia.

O corpo do cantor deve ser velado na Assembleia Legislativa de São Paulo, a partir das 9h desta segunda-feira. O enterro será no Cemitério Congonhas, às 17h.

A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do cantor, que publicou um comunicado no Facebook oficial do cantor: “Com muita dor e pesar informamos aos amigos e fãs que nosso ídolo Cauby Peixoto acaba de falecer as 23:50 do dia 15 de maio. Foi em paz e nos deixa com eterna saudades. Pra sempre Cauby!”.

No ano passado, o cantor cancelou um show que faria em Porto Alegre, em 7 de agosto – na ocasião, a produtora alegou problemas de logística. Entre fevereiro e março de 2015, Cauby foi hospitalizado para tratar do diabetes.

Cauby estourou em meio à geração dos cantores de rádio, na virada para os anos 1950, época que consolidou a gênese da moderna música popular brasileira. A repercussão veio com Blue Gardenia, versão brasileira da canção do repertório de Nat King Cole que lhe valeu a entrada no elenco da Rádio Nacional.

Em 1956, gravou pela primeira vez a música Conceição (Jair Amorim/ Dunga), grande sucesso de sua carreira (“Eu mesmo fui uma Conceição”, disse em entrevista a Zero Hora em 2001, referindo-se à personagem pobre que sonhava com uma vida melhor). Repetindo o fenômeno do célebre cantor Orlando Silva, Cauby tinha uma popularidade comparável à de uma grande estrela pop internacional. Conta-se que tinha as roupas rasgadas pelas fãs, em uma estratégia de marketing planejada pelo empresário Edson Collaço Veras, o Di Veras, morto em 2005. Por sugestão dele, adotou um figurino extravagante, sempre com um indefectível terno, e a peruca de cachos negros que virou marca registrada.

Ainda nos anos 1950, viajou aos Estados Unidos como plano de uma carreira internacional. Ganhou reportagens nas revistas Time e Life como o “Elvis Presley brasileiro” e chegou a fazer temporada de um ano de shows.

Nascido em Niterói (RJ), em uma família de músicos, Cauby era primo do cantor Cyro Monteiro, que havia popularizado, em 1937, o samba Se Acaso Você Chegasse, de Lupicínio Rodrigues. O pai era violonista, e o tio, o pianista de samba Romualdo Peixoto, conhecido como Nonô. Os irmãos também seguiram a carreira musical.

Com a ascensão da bossa nova, nos anos 1960, o estilo de canto impostado passou a ser considerado anacrônico. Entrou em um período de relativo ostracismo, embora não tenha deixado de gravar, e voltou aos holofotes em 1980 com o disco Cauby! Cauby! (Som Livre), que marcava os 25 anos de carreira e incluía sucessos como Bastidores (Chico Buarque) e Loucura (Joanna e Sarah Benchimol).

Desde então, teve reservado para si um espaço singular na música brasileira na categoria dos “últimos românticos”, onde também está Angela Maria, com quem realizou seu último show em Porto Alegre, em maio de 2014, no palco privilegiado do Teatro do Sesi. Antes, em 2007, ganhou o Grammy Latino de melhor álbum de música romântica com Eternamente Cauby Peixoto – 55 Anos de Carreira (Atração).