Geral

Chanceler italiano visita Líbia e promete ajuda humanitária

12/04/2016
Chanceler italiano visita Líbia e promete ajuda humanitária
"Para combater eficazmente o terrorismo do EI e o tráfico de seres humanos é urgente que a Líbia reencontre a paz e a estabilidade. Agora, o país está caminhando na direção certa", ressaltou Paolo Gentiloni (Foto: REUTERS)

“Para combater eficazmente o terrorismo do EI e o tráfico de seres humanos é urgente que a Líbia reencontre a paz e a estabilidade. Agora, o país está caminhando na direção certa”, ressaltou Paolo Gentiloni
(Foto: REUTERS)

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Paolo Gentiloni, fez uma visita oficial à Líbia nesta terça-feira (12) e expressou o apoio do governo italiano aos novos líderes políticos ao país, além de prometer uma ajuda humanitária.

“Estou feliz de estar em Trípoli para as ajudas de emergência por parte da Itália e para apoiar o governo de unidade nacional de [Fayez al] Sarraj”, escreveu em uma rede social ao desembarcar na capital líbia.

Essa é a primeira vez que um líder ocidental visita a Líbia desde que o governo de unidade nacional foi formado, no mês passado, após anos de negociação e de uma guerra civil que matou milhares de pessoas.

Após um encontro com o primeiro-ministro do país, Fayez al-Sarraj, os dois líderes fizeram um pronunciamento conjunto em que ressaltaram a importância da união das duas nações para superar o difícil momento político e social dos líbios.

“A mensagem principal que a Itália quis dar ao Conselho Presidencial é uma mensagem de apoio sobre o plano político, sobre o plano humanitário e sobre o plano econômico. O nosso encontro ainda colocou as bases para construir diversas frentes de colaboração bilateral que se traduzirão nos próximos dias sobre temas específicos”, afirmou Gentiloni. O chanceler ainda destacou que um avião militar C-130 levará “kits médicos para hospitais de Trípoli” nos próximos dias.

Por sua vez, Sarraj lembrou do desafio da crise imigratória e destacou que “com a Itália, há uma relação muito enraizada e que pretendemos reforçar”. A Líbia é o principal ponto de partida dos imigrantes ilegais para os portos italianos. De lá, saem principalmente afegãos, iraquianos e cidadãos de países do norte da África em busca de uma vida nova na Europa.

Além disso, os dois falaram sobre a importância do combate ao terrorismo e, especialmente, sobre barrar o aumento da presença do Estado Islâmico (EI, ex-Isis) no território líbio.

Atualmente, o grupo terrorista é um dos que domina a região de Sirte.

Para Gentiloni, “os líbios e o governo de unidade nacional devem guiar a luta contra o EI” e a Itália e a comunidade internacional estão prontas para cooperar na luta contra o terrorismo.

“Para combater eficazmente o terrorismo do EI e o tráfico de seres humanos é urgente que a Líbia reencontre a paz e a estabilidade. Agora, o país está caminhando na direção certa”, ressaltou.

Entenda a crise: A crise na ex-colônia italiana começou no longínquo ano de 2011 após a revolução e a morte do ditador Muammar Kadafi. Os dois fatos levaram a nação ao caos total por não ter um poder que conseguisse unir o país. Um ano após a queda do regime e em pleno processo de reconstrução após as bombas jogadas na Líbia pela coalizão internacional, ocorrem as primeiras eleições livres que pareciam levar os líbios a uma verdadeira democracia.

Mas, os confrontos ainda remanescentes e a violência entre várias milícias e os ex-rebeldes que não abandonaram as armas, complicaram a situação cada vez mais. No verão de 2014, o país entrou em colapso total com a divisão entre as instituições políticas – Tobruk e Trípoli – e a guerra entre as milícias de Zintan e Misurata pelo controle da capital.

O novo Parlamento, junto ao governo do primeiro-ministro Abdullah al-Thani, que é reconhecido pelo mundo como oficial, são obrigados a fugir e a refugiar-se na cidade de Tobruk, em Cirenaica. No mesmo período, a capital caiu sob o controle do grupo jihadista Fajr Libya que resolve comandar o país em oposição ao governo de Tobruk e em aliança com a Irmandade Muçulmana. O resultado desse caos é de uma nação quebrada ao meio. Por causa disso, o país que já estava dividido por uma guerra civil, ficou rachado politicamente, com dois Parlamentos: o de Trípoli e o de Tobruk. Em dezembro do ano passado, as lideranças das duas Casas conseguiram entrar em um acordo para formar um governo de unidade nacional.

Porém, apenas em março deste ano, conseguiram chegar a uma composição equilibrada para reorganizar o país. Esse novo governo, apesar de ainda haver resistência de algumas regiões e líderes, é liderado por Fayez al-Sarraj.