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Superterça consolida liderança de Trump e Hillary nas prévias dos EUA

02/03/2016
Superterça consolida liderança de Trump e Hillary nas prévias dos EUA

 

 

 

Hillary e Trump ganharam em sete estados cada um nas votações da Superterça (Foto: Javier Galeano/Reuters e Andrew Harnik/AP Photo)

Hillary e Trump ganharam em sete estados cada um nas votações da Superterça (Foto: Javier Galeano/Reuters e Andrew Harnik/AP Photo)

 

Já no começo da madrugada desta quarta-feira (2) as projeções da agência AP para as prévias da Supterterça, quando 12 estados fazem prévias presidenciais nos EUA, indicavam que Donald Trump e Hillary Clinton venceram em sete estados cada um, consolidando suas lideranças nas disputas republicana e democrata, respectivamente.

Pouco antes das 6h desta quarta, as projeções apontavam que, entre os republicanos, Trump venceu em Alabama, Arkansas, Geórgia, Massachusetts, Tennessee, Vermont e Virginia. Ted Cruz levou em Texas, Oklahoma e Alasca, enquanto Marco Rubio venceu no Minnesota. Entre os democratas, Hillary ganhou em Alabama, Arkansas, Geórgia, Massachusetts, Tennessee, Texas e Virginia. Sanders ganhou em Vermont, Oklahoma, Colorado e Minnesota, também segundo as projeções da AP.

Ainda há delegados para serem designados, mas as projeções indicavam que Trump ganhou pelo menos 203 delegados nesta Superterça. Ted Cruz conquistou 144, enquanto Rubio levou mais 71. Para vencer as prévias republicanas são necessários 1.237 votos de delegados. John Kasich e Ben Carson conseguiram no total 25 e 8, respectivamente.

Entre os democratas, Hillary levou pelo menos 457 delegados. Bernie Sanders conquistou 286 nesta Superterça. Ao incluir nesta conta os superdelegados – líderes partidários que não dependem da indicação dos eleitores para votar, tendo total liberdade para escolher seu candidato na convenção final do partido, em julho – a vantagem de Hillary sobe 1005 delegados contra 373 de Sanders. Para a indicação no Partido Democrata, são necessários 2.383 delegados para ganhar.

A Superterça é um dia crítico para os pré-candidatos, em especial republicanos, já que o número de delegados eleitos neste dia representa quase metade do número necessário para garantir a vitória na convenção nacional do partido. São 19% dos delegados internos pelo Partido Democrata e 24% pelos republicanos.

Entre os estados que disputam primárias e “caucuses” (assembleias) nesta terça, destaca-se o Texas, com um dos maiores colégios eleitorais do país — onde venceram a democrata Hillary e o republicano Ted Cruz.

No momento em que as projeções indicavam vitória em cinco estados para Trump, o magnata fez um discurso na Flórida para comemorar “a noite incrível” e voltou a defender a construção de um muro na fronteira com o México, dizendo que o país está destruindo os Estados Unidos “em termos de desenvolvimento econômico”. “Temos que parar isso, e eu sei como parar”, disse.

Trump atacou Marco Rubio, terceiro na disputa republicana, e pegou leve com Ted Cruz. Cruz, no entanto, atacou Trump duramente em seu discurso, chamando-o de “um negociador de Washington, profano e vulgar”. Ele ainda citou a suposta gravação de Trump em que ele admitiria que não acredita na política de imigração que defende publicamente. Essa gravação estaria em poder do jornal “New York Times”, que não a divulgaria por ser feita “em off”, ou seja, com a condição de que não seria publicada, a menos que Trump autorize.

Hillary também discursou na Flórida e agradeceu sua vitória, que naquele momento era em seis estados. “Que Superterça!”, disse. Referindo-se ao slogan da campanha do republicano Trump, afirmou que seu objetivo não é “fazer a América grande de novo”, porque “a América nunca deixou de ser grande”.

Já o democrata Bernie Sanders fez um discurso no Vermont, estado pelo qual é senador e foi o primeiro a lhe dar vitória. O pré-candidato disse que significava muito para ele que as pessoas que mais o conhecem tenham garantido sua vitória.

“Esta campanha não é apenas sobre eleger o presidente, é sobre fazer uma revolução política”, afirmou. “Vamos acabar com um sistema corrupto de financiamento de campanhas eleitorais!”, defendeu em sua fala.

Prévias até aqui
Trump já venceu as primárias de New Hampshire e Carolina do Sul e o caucus de Nevada, mas perdeu o caucus de lowa para Ted Cruz.

Hillary teve uma vitória bastante apertada no caucus de lowa e também venceu o de Nevada, mas perdeu para Sanders a primária de New Hampshire. No último sábado, porém, a pré-candidata teve sua maior vitória até o momento, derrotando o rival por uma margem de quase 50 pontos na Carolina do Sul.

Republicanos e democratas realizam suas convenções nacionais em julho para formalizar seus respectivos candidatos à eleição de 8 de novembro. Nesse dia, os americanos escolhem aquele que substituirá o presidente Barack Obama na Casa Branca.

A votação desta terça (1º) começou nos 10 estados nos quais se expressaram simultaneamente democratas e republicanos, e seguiu para o Colorado, onde votaram apenas os democratas, antes de terminar no distante Alasca, que encerrou seu caucus republicano às 2h desta quarta.

O polêmico multimilionário Trump exibia uma vantagem avassaladora sobre todos os seus correligionários. De acordo com uma pesquisa realizada pela CNN/ORC Survey, ele teria pelo menos 49% das intenções de voto, mais do que todos os outros aspirantes somados.

Empresário sem qualquer experiência política, Trump é publicamente ignorado pela direção do partido Republicano, mas a vitória desta terça-feira pode colocá-lo em um caminho praticamente sem volta.

Enquanto isso, Hillary tem a seu favor toda a máquina do Partido Democrata e, desta forma, já vinha como favorita para conseguir uma vantagem confortável sobre o senador Bernie Sanders.

Cenário desolador
No caso de Trump, seu favoritismo claramente chega acompanhado de uma crise sem precedentes no Partido Republicano, fundado em 1854.

Assim como Trump, o terceiro pré-candidato na disputa, o senador Ted Cruz, também é detestado pela direção do partido, mas a alternativa viável, o senador Marco Rubio, parece incapaz de reduzir a distância que o separa do líder magnata.

Neste panorama, Rubio e Cruz passaram a usar as mesmas armas de Trump, e a campanha se transformou em um verdadeiro festival bizarro de insultos, golpes baixos e discursos com menções a cuecas sujas, críticas à quantidade de suor, ou até alusões à confiabilidade de homens com mãos pequenas.

“Donald Trump é uma séria ameaça para o futuro do nosso partido e do nosso país”, lançou Rubio, em carta aberta aos eleitores, pouco depois do início da apuração.

Uma das mais respeitadas lideranças republicanas, o senador John McCain comentou hoje que é “perturbador” o (baixo) nível da campanha do partido. Em 2008, McCain disputou a Casa Branca com Obama.

Ele disse esperar que “possamos ter uma campanha presidencial que não se concentre no tamanho das orelhas de um adversário, ou se transpira muito”.

Fiel ao seu estilo, na segunda-feira, Trump simplesmente ignorou a indignação, a sua candidatura (“ainda não sei nada sobre ele”, disse). Também criticou o “tom patético” usado por Hillary em seus discursos.

Em um ato público nesta segunda, Trump ridicularizou Rubio pela forma como transpirava no último debate e afirmou que “não podemos ter este tipo de gente negociando com os chineses, ou com (o líder russo Vladimir) Putin”.

Em entrevista à Fox News nesta terça, comentou que “meus eleitores não são gente com raiva, mas há raiva no partido” com o governo do presidente Barack Obama.

Além disso, o bilionário acusou Ted Cruz de “não fazer nada” por seu estado, o Texas, e alfinetou Marco Rubio por fazer um “trabalho horrível” na Flórida, seu estado natal.

À medida que mais e mais pesos pesados republicanos manifestam seu apoio a Rubio, ou a Cruz, mais Trump sobe na disputa interna. Essa situação deixa o partido diante da necessidade de se questionar em que momento será necessário aceitar sua candidatura e se alinhar a seu favor.

Quadro menos turbulento
Entre os democratas, a situação parece menos turbulenta, em especial após a vitória esmagadora de Hillary sobre Sanders na interna partidária da Carolina do Sul.

A ex-secretária de Estado havia iniciado a campanha como uma favorita intocável, mas os dois primeiros capítulos da disputa interna (em Iowa e New Hampshire) deixaram claro que esta vantagem poderia desaparecer de uma hora para outra.

Uma forte campanha de críticas a Sanders nas últimas duas semanas pareceu devolver a Hillary a liderança e a autoconfiança antes da “Superterça”.

A pesquisa da CNN/ORC apontou Hillary ou Sanders ganhariam um eventual duelo com Trump, com uma margem ligeiramente mais confortável para o senador (55% contra 43%) do que para a ex-secretária (52% frente 44%).