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OMS recomenda que grávidas não viajem a áreas com surto de zika

08/03/2016
OMS recomenda que grávidas não viajem a áreas com surto de zika
Margaret Chan, diretora-geral da OMS e David Heymann, chefe do Comitê de Emergência para lidar com o vírus da zika e o aumento de casos de síndromes neurológicas, reuniram-se nesta terça-feira em Genebra (Foto: Organização Mundial da Saúde/Divulgação)

Margaret Chan, diretora-geral da OMS e David Heymann, chefe do Comitê de Emergência para lidar com o vírus da zika e o aumento de casos de síndromes neurológicas, reuniram-se nesta terça-feira em Genebra (Foto: Organização Mundial da Saúde/Divulgação)

O comitê de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, nesta terça-feira (8), uma nova lista de recomendações de prevenção, controle e pesquisa sobre o vírus da zika. Segundo o documento, mulheres grávidas devem ser aconselhadas a não viajar a áreas com surtos de zika.

Até então, a OMS recomendava apenas que mulheres grávidas conversassem com seus médicos para se informar sobre os riscos antes de viajarem a regiões afetadas.

Esta é a segunda reunião do comitê de emergência sobre zika que, em 1º de fevereiro, determinou que  o aumento de casos de microcefalia e problemas neurológicos possivelmente associados as Zika constituíam uma emergência de saúde de importância internacional.

“Na primeira reunião do comitê, recomendamos que as mulheres deveriam se informar e tomarem sua própria decisão. Por causa do aumento das evidências de que existe uma relação causal entre zika e microcefalia e outros problemas, pensamos que precisávamos fazer essa recomendação até para que houvesse uma referência para os países”, disse David Heymann, chefe do comitê de emergência sobre o vírus da zika da OMS.

Ele acrescentou que é da responsabilidade de cada país deixar claro quais são as áreas afetadas pelo vírus para que as mulheres estejam bem informadas no momento de decidir se viajarão ou não para essas regiões.

Heymann esclareceu que a recomendação vale apenas para as regiões específicas com surto e não para todo o país.

O comitê recomentou ainda que mulheres grávidas cujos parceiros sexuais tenham viajado a áreas com transmissão local de zika devem usar preservativo ou evitar relações sexuais durante a gravidez.

A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, acrescentou que, nacionalmente, cada país deverá fazer recomendações próprias em relação às mulheres grávidas. “Para mim, faz sentido que as mulheres sejam, não apenas bem informadas sobre o assunto, mas que também tenham acesso a meios de prevenir a gravidez ou adiar a gravidez com métodos contraceptivos. Respeitamos a lei de cada país e a forma como isso será aplicado. É importante que haja uma adaptação nacional de recomendações globais.”

Evidências de relação causal
Em coletiva de imprensa, Margaret Chan e David Heymann reiteraram que as evidências de relação causal entre o vírus da zika e a microcefalia e outros problemas neurológicos estão cada vez maiores, apesar de mais estudos serem necessários para estabelecer essa conexão de forma definitiva.

“A emergência em saúde pública cristalizou e uniu o mundo para trabalhar de forma coordenadanos em assuntos relacionaods à microcefalia e outros a problemas neurológicos relacionados ao vírus da zika. Estamos felizes com o progresso que foi feito”, disse Heymann.

Margaret acrescentou que, desde o início de fevereiro, quando a OMS declarou a emergência, a distribuição geográfica da zika aumentou, os grupos de risco foram ampliados e os modos de transmissão agora incluem a transmissão sexual, além das picadas de mosquito.

Outras recomendações
O comitê recomendou que as pesquisas sobre a relação entre o vírus da zika e a ocorrência de surtos de microcefalia e outros problemas neurológicos como a síndrome de Guillain-Barré devem ser intensificadas.

Além disso, deve-se dar atenção especial ao estudo das diferentes linhagens do vírus da zika  – como a asiática e a africana – e seus possíveis efeitos na saúde, conduzindo estudos com modelos animais e promovendo novos estudos de caso-controle em áreas já afetadas.

Segundo o comitê, a possibilidade de existirem outros fatores que estejam envolvidos no aumento de casos de microcefalia e outros problemas neurológicos deve continuar sendo explorada.

As medidas de controle dos mosquitos também fazem parte das recomendações, incluindo a avaliação do possível papel de outras espécies além do Aedes aegypti e avaliação de sua sensibilidade em relação aos inseticidas atualmente disponíveis.

O documento enfatiza também a importância de se desenvolver novos exames para diagnóstico do vírus, além de vacinas e medicamentos contra a zika.