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Obama fará discurso transmitido pela TV nesta terça-feira em Cuba

22/03/2016
Obama fará discurso transmitido pela TV nesta terça-feira em Cuba
Barack Obama e Raul Castro durante encontro histórico no Palácio da Revolução, em Havana (Foto: Carlos Barria/Reuters)

Barack Obama e Raul Castro durante encontro histórico no Palácio da Revolução, em Havana (Foto: Carlos Barria/Reuters)

Em seu terceiro dia em Havana, o presidente Barack Obama fará nesta terça-feira (21) um discurso histórico aos cubanos que já é considerado pela Casa Branca como um “momento único” na história da relação entre Cuba e Estados Unidos. Obama falará do palco do Gran Teatro Alicia Alonso, e seu discurso será transmitido ao vivo pela rádio e pela TV cubana.

Segundo assessores da Casa Branca, o discurso é uma oportunidade para Obama descrever o estágio em que está a relação entre os dois países, rever o histórico complicado entre eles e expressar sua visão de como as duas nações podem trabalhar em conjunto para estreitar as relações.

Obama chegou em Havana neste domingo acompanhado de sua mulher Michelle Obama e das filhas Sasha e Malia. No domingo, a família fez um passeio pela cidade. Nesta segunda, o presidente americano se reuniu com Raúl Castro no Palácio da Revolução e participou de uma cerimônia em homenagem ao herói independentista José Martí na emblemática Praça da Revolução, na mesma praça onde há também uma imagem de Ernesto Che Guevara.

A fala de Obama desta terça será dirigida ao povo cubano, inclusive à comunidade cubana nos Estados Unidos. Centenas de pessoas foram convidadas a ouví-lo dentro do teatro. Entre os convidados estão representantes da delegação dos EUA, americanos de origem cubana e um grande número de cubanos, principalmente jovens.

O discurso também deve abordar a separação entre os cubanos na ilha e a comunidade de americanos de origem cubana. “Parte do que somos encorajados em nossas mudanças de política é ver a reconciliação entre indivíduos e famílias, e ver os meios pelos quais os americanos de origem cubana e os cubanos podem cooperar. Acredito que certamente Obama falará sobre esse tema”, disse Ben Rhodes, assessor adjunto de Segurança Nacional para Comunicações Estratégicas dos EUA.

Reunião com dissidentes
Obama também se reunirá nesta terça com dissidentes cubanos na embaixada, em um encontro para o qual foi convidada Berta Soler, líder do grupo Damas de Branco, e outros nomes diverso das vozes em Cuba.

Soler critica Obama por fazer concessões a Raúl Castro sem que, em troca, tenham cessado “a perseguição e violência contra opositores”. Recentemente, Obama se comprometeu por escrito com Soler a falar com Raúl sobre os obstáculos nesses temas.

Também confirmaram o convite por parte do governo americano a uma “reunião de alto nível” os dissidentes Manuel Cuesta Morúa, José Daniel Ferrer, Guillermo Fariñas e Miriam Leiva.

No final do, Obama assistirá a uma partida de beisebol entre a seleção cubana e o time do Tampa Bay Rays.

Processo irreversível
A aposta da Casa Branca é que nesta visita Obama estabeleça vínculos suficientes, apesar do embargo econômico que o Congresso se nega por enquanto a revogar, para dificultar um eventual recuo que o próximo presidente dos Estados Unidos em 2017 queira fazer.

“Queremos que este processo de normalização seja irreversível”, destacou Ben Rhodes, que insiste no impacto das políticas já empreendidas: facilitação das viagens, flexibilização das restrições comerciais.

Nesta segunda, após reunião com o presidente Castro, Obama afirmou que “o caminho no qual estamos vai continuar além da minha administração”, que acaba no fim deste ano.

Temas sensíveis
Antes de sua reunião com Raúl Castro, Obama havia aidantado que falará de “temas sensíveis” durante sua visita à ilha. “Temos ainda diferenças e vamos aproveitar a viagem histórica para abordar francamente temas sensíveis como o dos direitos humanos, em um ambiente ofuscado pela detenção temporária de dezenas de dissidentes cubanos que protestavam no domingo pouco antes da chegada de Obama. Achamos que agora podemos potencializar nossa capacidade de promover mudanças”, declarou Obama à ABC.

Após o encontro com o presidente cubano, ao ser cobrado pelo fim do embargo econômico imposto à ilha, Obama disse que o fim das restrições depende em parte de conversas sobre os direitos humanos dentro de Cuba.

Segundo Obama, as “sérias discordâncias” sobre direitos humanos e democracia são um “impedimento” para o fortalecimento dos laços entre os dois países.

Castro falou sobre uma nova relação entre Cuba e Estados Unidos que não seja centrada nas profundas diferenças que seus países mantiveram durante décadas, e que é preciso “construir pontes” entre os dois países.

“Devemos aceitar e respeitar as diferenças e não fazer delas o centro da nossa relação, e sim promover vínculos que privilegiem o benefício de ambos países e povos”, afirmou Castro ao término da reunião com Obama em Havana.

Além do tema dos direitos humanos e do embargo econômico, outro quatro pontos ainda são considerados complicados na relação entre Cuba e EUA: a Lei do Ajuste Cubano, que dá a cubanos um caminho mais rápido para obter residência permanente nos EUA; a base de Guantánamo, centro de detenção para suspeitos de terrorismo administrada pelos EUA em território cubano; a Radio com base em Miami e que alcança ouvintes na ilha com seu noticiário 24 horas; e posicionamentos nas relações internacionais.

Ao fim da visita oficial a Cuba, Obama e sua delegação seguem para Buenos Aires. Lá, o presidente americano vai-se reunir com seu colega Mauricio Macri.