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“Luciana”, conto infantil de Graciliano Ramos, é reeditado

29/12/2015
“Luciana”, conto infantil de Graciliano Ramos, é reeditado
No livro, Luciana simula ser uma moça chamada Dona Henriqueta (Ilustração: Galerinha/Divulgação)

No livro, Luciana simula ser uma moça chamada Dona Henriqueta (Ilustração: Galerinha/Divulgação)

O alagoano Graciliano Ramos esteve com o nome em destaque durante 2015. Em Maceió, o autor de “Vidas Secas”, “Angústia” e “Memórias do Cárcere”, recebeu como homenagem, um monumento de 1, 80 m, tamanho natural, erguido na praia de Pajuçara. Na VII Bienal Internacional do Livro de Alagoas, realizada em outubro deste ano, escritores de Palmeira dos Índios, cidade onde o “Velho Graça” viveu e foi prefeito, lançaram obras que fazem referência à vida do escritor.

E para “fechar o ano com chave de ouro”, o selo Galerinha, da Editora Record, lançou, também na VII Bienal, “Luciana”, uma reedição do conto originalmente publicado no livro “Insônia”, de Graciliano, em 1947.

O livro tem um novo olhar, e é voltado para o público infantil, mas que todo adulto vai gostar. Luciana, a protagonista do livro, já aparece toda linda (nas ilustrações graciosas de Rosinha) na primeira página, de olho na visita que os pais acabam de receber. Mas não se trata de qualquer visita. Tio Severino, homem de voz nasal, é nome sempre citado na casa da garota, e sempre com reverência. Luciana até espera o chamado para adentrar a sala e se juntar ao grupo, mas não é que os adultos a ignoram?

Não bastasse, ela ainda escuta um comentário instigante: “Esta menina sabe onde o diabo dorme”.

Interessante pontuar que Graciliano Ramos se vale de palavras, digamos assim, pouco usuais ao vocabulário de crianças, tais como obliterar, menear e estouvada. Mas, sim, fica também o desafio: não é bacana ter significados a procurar no velho e amigo dicionário?

Tampouco é um livro óbvio… Como assim? Bem, a história é zero tradicional, o que é bom. Vale lembrar, ainda, que, se Graciliano estivesse vivo, provavelmente uma modificação seria feita, em prol do politicamente correto.

Mas é um Graciliano. Um clássico. E vale ser conhecido pelos que já tenham idade suficiente para entender um texto que, sim, demanda uma certa gama de informações.