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Alemães se revoltam com o preço elevado dos ingressos

21/10/2015
Alemães se revoltam com o preço elevado dos ingressos
'Ingresso a 64 libras, mas sem os torcedores o futebol não vale um centavo': torcida do Bayern protesta (Foto: Getty)

‘Ingresso a 64 libras, mas sem os torcedores o futebol não vale um centavo’: torcida do Bayern protesta (Foto: Getty)

“Ingresso a 64 libras. Mas, sem os torcedores, o futebol não vale um centavo”. A mensagem foi exibida nas arquibancadas do Emirates Stadium nesta terça-feira, em protesto dos torcedores do Bayern de Munique contra o alto preço das entradas cobrado pela direção do Arsenal na Uefa Champions League.

A insatisfação tinha motivo: para ter acesso ao bilhete mais barato para a partida (o de 64 libras, citado na faixa), um alemão que recebe o salário mínimo de seu país (8,86 euros ou 6,5 libras por hora), por exemplo, teria que ter trabalhado dez horas, mais do que a jornada completa de um dia.

Se vivessem no Brasil, no entanto, torcedores do Bayern teriam ainda mais motivos para reclamar. Os preços cobrados por Palmeiras e Corinthians, dois dos três clubes com as melhores médias de público do Campeonato Brasileiro, pesam muito mais no bolso dos brasileiros do que para os alemães em Londres.

No Allianz Parque, estádio palmeirense, o preço médio do ingresso é de R$ 66; enquanto na Arena Corinthians, R$ 58. No Brasil, o salário mínimo é de R$ 788. Considerando a jornada máxima de 44 horas semanais, um trabalhador recebe R$ 4,50 por cada uma das 176 horas trabalhadas em um mês.

Pagando o preço médio da entrada, um palmeirense precisa de quase 15 horas de trabalho para conseguir ir ao estádio ver seu clube. O corintiano, um pouco menos, quase 13 horas, mas ainda assim mais do que o torcedor do Bayern que recebe um salário mínimo na Alemanha e protestou.

“Esse tipo de preço faz a visita a um estádio impossível para fãs desprivilegiados socialmente e mais jovens. Isso destrói a cultura dos torcedores, que é a base do futebol. Queremos protestar contra os preços e, ao mesmo tempo, por mudanças nos estádios”, escreveu a torcida do Bayern, em comunicado.

Em termos de horas trabalhadas, a realidade de um alemão que foi até Londres é semelhante a do torcedor do Flamengo, clube com a melhor média de público da Série A. O preço médio para ver o time rubro-negro é de R$ 44, valor atingido com quase as mesmas dez horas de labor necessárias para o fã do Bayern.

Antes de estender suas faixas contra o preço dos ingressos, os alemães deixaram as arquibancadas do Emirates Stadium vazias por cinco minutos. “Os primeiros minutos do jogo em Londres serão o que o futuro do futebol será se essa loucura continuar. Cadeiras vazias e nenhum sinal de emoção.”

Na Alemanha, um torcedor do Bayern consegue comprar o carnê mais barato para todos os jogos na Allianz Arena com 104 libras, valor insuficiente para dois ingressos para a partida em Londres e atingido com 16 horas de trabalho – só uma a mais que o palmeirense precisa para ver seu time uma só vez.