Centro POP foi criado pela Prefeitura de Maceió e funciona como um espaço de referência para a ressocialização e desenvolvimento de relações de solidariedade; Sesau realizará, na próxima segunda (27), no Centro, reunião para articular diferentes setores que lidam com a população de rua (Foto: Olival Santos)

Para prestar atendimento às pessoas em situação de rua, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesau) mantém um setor específico para o cuidado e avaliação da situação desse público. O Núcleo de População em Situação de Rua, coordenado por Valéria de Oliveira, tem a missão de monitorar e apoiar ações que atuem na assistência a pessoas sem moradia.
“Este público é uma população invisível, que carrega estigmas sociais e carece dos cuidados básicos que a maioria das pessoas considera normais, como banho, alimentação e moradia”, afirmou Valéria.
A coordenadora relatou que existem hoje aproximadamente 600 pessoas vivendo em situação de rua em Maceió. Valéria lembrou que essas pessoas precisam de cuidados especiais para que sejam acolhidos e ressocializados.
“Entre as ações que acontecem com o apoio da Sesau, está à realização, no dia 27 deste mês, de uma reunião do Grupo de Trabalho Intersetorial. A iniciativa busca articular os diferentes setores que lidam com a população de rua”, destacou Valéria.
O encontro será realizado no auditório do Centro de Referência Especializado para a População de Rua (Centro POP), no bairro do Jaraguá, a partir das 14h30. O Centro POP foi criado pela Prefeitura de Maceió e funciona como um espaço de referência para a ressocialização e desenvolvimento de relações de solidariedade.

O Centro POP

De acordo com o coordenador do Centro POP, Berto Gonçalo, a unidade conta com profissionais de psicologia, assistência social e educadores, preparados para atender as pessoas que procuram o serviço e também realizam buscas aos locais onde se encontram. “É realizada uma entrevista com os usuários e, após a identificação das necessidades, a pessoa é encaminhada para o local adequado”, destacou Berto.
O coordenador explicou que um dos desafios em lidar com esse determinado seguimento é a falta de documentação. “A maioria dos que moram na rua não possui documentos de identificação, o que dificulta o acesso ao sistema público de assistência. Muitas vezes, a primeira providência do centro é encaminhar para a retirada dos documentos necessários”, ressaltou.
Já a psicóloga do Centro POP, Verônica Cavalcanti, lembrou que cada caso de pessoa em situação de rua tem sua particularidade e o trabalho de ressocialização geralmente passa por uma pesquisa do histórico do indivíduo. “Nós realizamos investigações para localizar as famílias, que, muitas vezes, nem sabem do paradeiro do familiar”, afirmou.
Também parte da equipe do centro, a assistente social Rita de Cássia lembrou que muitos casos envolvem dependência química. A profissional explicou que o consumo de entorpecentes cria dificuldades para a atuação das equipes, que muitas não conseguem se comunicar com o individuo. “Buscamos estabelecer uma relação de confiança e respeito com as pessoas que optam pelo recebimento da assistência”, disse.

Constatação

Um dos usuários do Centro POP, Alex Borges, que trabalha como catador de lixo na capital alagoana, elogiou o apoio recebido na unidade, afirmando que é um local onde pode ser atendido por profissionais ou simplesmente tomar um banho e realizar uma refeição. “É um ponto de apoio importante para mim”, destacou.
O Centro POP tem capacidade de atender a 80 pessoas por dia e está aberto de segunda a sexta-feira, de 8h às 17h. O coordenador Berto Gonçalo lembrou que a população em situação de rua é, muitas vezes, vítima de violência e que possuem todos os direitos e deveres que assistem o restante da população. “Qualquer denúncia relacionada a violência contra crianças, adolescentes, idosos e pessoas em situação de rua pode ser feita através do número 0800 28 48 048”, destacou o coordenador.