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Funk, jazz, coral indígena, percussão afro-brasileira: manifestações celebram editais do MinC

06/07/2015
Funk, jazz, coral indígena, percussão afro-brasileira: manifestações celebram editais do MinC

Muita música, teatro e dança criaram um clima de celebração no lançamento de três editais do Ministério da Cultura (Foto: Janine Moraes)

Muita música, teatro e dança criaram um clima de celebração no lançamento de três editais do Ministério da Cultura (Foto: Janine Moraes)

Muita música, teatro e dança criaram um clima de celebração no lançamento de três editais do Ministério da Cultura (Minc), no último fim-de-semana, em São Paulo. O evento contou com apresentações do grupo de jazz contemporâneo Anacã e da Liga do Funk. Os ritmos dos MCs Nex, Poneis, Neu, Brito e Marquinho, integrantes da Liga, se alternaram durante a noite, sob a discotecagem do Dj Charada.
Realizado na Funarte, em São Paulo, o evento contou com a presença de 350 pessoas aproximadamente, que participaram, junto com o ministro da Cultura Juca Ferreira, de uma roda de conversa. Os editais somam R$ 13,428 milhões e visam incentivar projetos de cultura indígena, de redes e de mídia livre.
Também participaram do debate a secretária da Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC/MinC), Ivana Bentes; o secretário do Audiovisual (SAV/MinC), Pola Ribeiro; o secretário municipal de Cultura de São Paulo, Nabil Bonduki; o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), João Pedro da Costa; e o secretário Executivo da ONG Vídeo nas Aldeias, Vincent Carelli. A Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo foi representada por Maria Thereza Bosi de Magalhães.
O ministro Juca Ferreira defendeu, em discurso inspirado, a diversidade da cultura brasileira e relatou o trabalho do ministério para preservar e estimular as mais diversas manifestações. “O MinC só se justifica se for capaz de participar do processo de empoderamento cultural do povo brasileiro. A Cultura constitui protagonismo, consciência de poder. É importante como parte dessa luta pela construção de um outro Brasil”, disse. Para o ministro, os editais lançados pela pasta dialogam com essa perspectiva: “Estamos abrindo novas avenidas no ministério pra que a gente possa se relacionar com a diversidade cultural brasileira, estimulando o desenvolvimento de todas as linguagens, ampliando o acesso à cultura”.
Os editais foram lançados por meio da SCDC/MinC, com parceiros. Segundo a secretária Ivana Bentes: “Não são apenas três editais, trata-se do lançamento de uma política pública, de três áreas que consideramos estratégicas e às quais queremos dar visibilidade”. A secretária citou que a mídia livre, por exemplo, explodiu no Brasil desde 2013, quando a “sociedade inventou sua a própria mídia”.

Parcerias

No caso do edital voltado à cultura de redes, Ivana explicou que ele busca diminuir o corporativismo de diferentes setores, estimulando a transversalidade. “Em rede tudo é mais barato, mais veloz e cria sujeito político de pressão”, resumiu. Já no campo indígena, a gestora lembrou que esse povo é constantemente lembrado para promover o país, mas ainda é carente de políticas públicas. Ela enfatizou a necessidade de ser reverteu essa situação.
O presidente da Funai, João Pedro da Costa, reconheceu a importância da iniciativa: “Esse evento reafirma a importância histórica de não pactuarmos com tentativas de se esmagar os povos tradicionais do nosso país”. A fundação é parceira do MinC no edital que prevê a valorização e o estímulo a iniciativas culturais de povos indígenas e suas comunidades, certificando-as como Pontos de Cultura. O secretário-executivo da ONG Vídeo nas Aldeias, Vincent Carelli, exaltou o objeto da política: “A eleição da questão indígena como uma das prioridades do ministério da Cultura é um contraponto necessário nesse momento tão difícil, em que ofensivas violentas ameaçam conquistas importantes desses povos. Em pleno século XXI, continuamos assistindo ao genocídio dessas populações”.
Representante do Instituto Uka – Casa dos Saberes Ancestrais -, o indígena Cristino Wapichana pediu a palavra no encontro para reforçar que os povos indígenas têm muito a acrescentar à sociedade brasileira. “Além das apresentações musicais, faço um apelo para que a sociedade conheça mais a nossa cultura por meio da literatura. É uma riqueza inacreditável”, afirmou. Indígenas presentes ainda reforçaram a importância de preservar o patrimônio imaterial dos povos, que poderia incrementar o turismo em aldeias. O evento contou com a apresentação de um coral Guarani.
Parceira em dois editais (mídia livre e cultura indígena), a SAV falou da satisfação de participar desse processo. “Estamos trabalhando na transversalidade, consideramos o audiovisual como política de expressão e de comunicação. Não somos apenas linguagem, mas a plataforma onde esses sistemas acontecem, o mundo está audiovisual. Só a partir de uma construção coletiva faremos uma gestão adequada”, afirmou Pola Ribeiro.
Nabil Bonduki disse que as ações do MinC devem ressoar na condução de políticas estaduais e municipais: “A ação do MinC pode ser importante irradiadora de ações que cada cidade pode seguir. O estímulo às redes, o mapeamento cultural por meio de editais, todos devemos fazer nas nossas cidades”.
Representante da Agência Popular Solano Trindade, Thiago Vinícius Paula, presente na plateia, ofereceu o seu depoimento: “Na minha quebrada, o que diminuiu a violência foram os saraus, foi a cultura. Não foi a arma, não. Que esses editais venham dar luz a esses coletivos que vêm fazendo muito. Estamos na luta”. Dançarino de breaking e ativista social, Nelson Gonçalves Campos Filho, o Nelson Triunfo, completou: “Esse é um momento de grande alegria. Possibilita que mais jovens digam: Eu danço bem, eu canto bem, eu faço cultura. Eu sou do bem”. A noite foi encerrada com a apresentação do grupo Ilú Obá de Min, bloco de mulheres que celebra a cultura afro-brasileira.