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Cirurgião palmeirense do Hospital de Messejana denuncia falta de materiais
O cirurgião cardiovascular pediátrico e coordenador do setor de Cirurgia Cardíaca Pediátrica do Hospital do Coração de Messejana Dr.Carlos Alberto Studart Gomes, Valdester Cavalcante, foi, na manhã desta sexta-feira, 12, afastado de suas funções, após 22 anos de atendimento no Hospital. O afastamento deve se manter enquanto o médico responde a processo administrativo encaminhado à Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa).
De acordo com Cavalcante, ele foi informado nesta manhã pelo diretor do Hospital, Ernani Ximenes Rodrigues, sobre a descontinuidade de seus serviços ao órgão até que sejam averiguadas reclamações feitas por um grupo do setor de enfermagem. O médico denuncia que, ao longo do ano, houve carência de materiais para operações e medicamentos indispensáveis para os procedimentos cirúrgicos e que em algumas ocasiões os cirurgiões eram informados pela enfermagem com a intervenção prestes a acontecer. “Foram pelo menos oito vezes em que as crianças já estavam sendo preparadas para cirurgia e há um caso em que a criança já estava entubada na sala de cirurgia”, relata. Ainda conforme afirma o médico, faltam fios cirúrgicos, medicação para hipertensão pulmonar, canulas e alguns tipos de antibióticos.
O médico afirma que a situação gerava estresse e conflitos, mas que o problema a ser resolvido é a causa. “Aconteceram situações de estresse. Você está preparado para dar seguimento ao tratamento e é impedido. Isso gera um desgaste entre a equipe de enfermagem e o cirurgião, que no caso sou eu. Entendo que a enfermagem faz o que dá com o que tem”, conta.
Segundo o cirurgião, o processo é embasado em um abaixo-assinado feito por oito pessoas e a sua versão não foi ouvida. “O diretor disse que estou denegrindo a imagem do Hospital. Quero reforçar que tenho muito orgulho dos 22 anos em que estou lá, tenho muito orgulho do trabalho que é feito no Hospital, e quero ficar lá até me aposentar. Mas o que não pode é que se façam cirurgias em crianças sem as condições adequadas”, opina, lembrando que nos últimos 14 anos foram feitas cerca de 3 mil cirurgias cardíacas pediátricas e em 2013 e este ano 11 transplantes de coração em crianças foram realizados por sua equipe.
O Hospital de Messejana foi procurado pelo O POVO para dar esclarecimentos sobre o afastamento e se posicionar sobre as denúncias de falta de material e, por meio de nota, se ateve a informar que se trata de um “caso administrativo”.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Sesa, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno.
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