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Republicanos devem aumentar presença no Congresso dos EUA

04/11/2014
Republicanos devem aumentar presença no Congresso dos EUA

DC Cannabis Campaign sign is seen with other signs in WashingtonOs americanos foram às urnas nesta terça-feira (4), para eleger 36 senadores, 36 governadores e todos os 435 membros da Câmara dos Deputados.
As ‘midterm elections’ ocorrem no meio do mandato presidencial, ou seja, dois anos após o atual presidente, o democrata Barack Obama, ter sido reeleito, e são um importante indicativo da como está o desempenho e a aprovação de um presidente. Atualmente, a aprovação de Obama está em torno de 40% mas em alguns estados considerados muito importantes para o Partido Democrata, os índices estão ainda piores.
Além da eleição de novos ocupantes para uma série de cargos políticos, os eleitores do Alasca, de Oregon, de Washington DC, da Florida e de algumas áreas do Maine vão decidir sobre leis que regulam a posse, o uso e a produção da maconha. Além da questão da maconha, estarão em pauta mais de 150 consultas públicas, que dizem respeito a diversos aspectos como medidas mais restritivas sobre o aborto, a legalização do casamento gay e o comércio de armas.
As pesquisas indicam que os republicanos devem conseguir importantes vitórias e possivelmente recuperar o controle do Senado dos Estados Unidos.

O que está em jogo?

O controle do Congresso. Os republicanos – que fazem oposição ao governo Obama – são os favoritos para conquistar o controle do Senado e manter a maioria na Câmara.
Pesquisas indicam que entre oito e dez assentos ainda estão indefinidos, mas, caso os republicanos vençam a disputa, eles voltam a controlar o Senado – algo que não acontece desde 2006.
A batalha pelo Senado também pode se estender para além desta terça à noite. Disputas com múltiplos candidatos em Louisiana e Geórgia, onde os vencedores precisam obter mais de 50% dos votos, podem precisar de um segundo turno em dezembro e janeiro, respectivamente.
Os resultados do Alasca só devem se tornar públicos daqui um dia, segundo o New York Times.

E se os republicanos ganharem?
Conquistar a maioria das cem cadeiras do Senado daria aos republicanos, que devem ampliar sua atual maioria na Câmara, o controle completo de ambas as Casas do Congresso.
Isso representaria a guinada política mais dramática nos EUA desde que Obama assumiu a Casa Branca em 2009, e complicaria seus dois últimos anos de mandato, talvez até forçando-o a fazer mais concessões a seus adversários republicanos do que gostaria.
Na prática, o Congresso emperraria ainda mais as reformas propostas pelo presidente e poderia até propor medidas retroativas sobre pontos já aprovados – como a reforma do sistema de saúde.
A Casa Branca tentou minimizar a perspectiva de alterações profundas na estratégia do presidente após a eleição.

Quem vota?
Como o voto nos EUA não é obrigatório, o comparecimento às urnas no país costuma ser mais baixo do que no Brasil.
Além disso, as eleições de meio de mandato costumam ter uma taxa de comparecimento ainda menor.
Em 2008, quando Obama foi eleito pela primeira vez, 57,1% dos eleitores foram às urnas. Já nas eleições de 2010, apenas 36,9% compareceram.
No fim, quem se elege depende muito daqueles que, de fato, comparecem às urnas. Pesa também para o baixo comparecimento no pleito, o fato de que as eleições são realizadas em um dia útil.
De acordo com a BBC, historicamente, o partido que não está no poder é favorecido nessas eleições.
Em um comício no domingo (2), o presidente Obama fez um apelo aos democratas: “peguem todos aqueles que você conhece, levem-nos para votar. Não fiquem em casa, não deixem outra pessoa decidir seu futuro por você”, afirmou.

E a maconha?
Embora a posse de maconha ainda seja vista como um crime federal, em 2012, o governo Obama sofreu pressão para permitir que os estados de Washington e Colorado votassem a legalização do uso recreativo da maconha.
Atualmente, o cultivo em pequena escala, o uso recreativo e o uso medicinal são legalizados para cidadãos acima de 21 anos nos dois estados.
Agora, alguns outros estados – Alasca, Oregon, Washington DC e Flórida – buscam seguir os passos de Washington e do Colorado, criando suas próprias leis e regulamentações sobre o uso da erva.
Se aprovada nas urnas do Oregon e do Alasca, a medida levará à implementação de uma rede de lojas oficiais, semelhantes às que já operam no Colorado e em Washington desde as votações pioneiras de 2012. No distrito de Columbia, a regulamentação permitirá a posse, mas não a venda no varejo.
Apoiados por organizações nacionais, os defensores da descriminalização tiveram mais fundos para gastar em anúncios, visitas domiciliares e outras modalidades de campanha no Oregon e no Alasca. Uma repórter chegou a largar o emprego ao vivo na televisão para declarar seu apoio à legalização da maconha.
Esse aspecto é bastante importante para conseguir mais votos para os democratas, pois a regulação da maconha deve levar mais jovens – potenciais eleitores do partido – às urnas.

E o aborto?
A regulação do tema vai ser votada em três estados: Tennessee, Colorado e Dakota do Norte, por meio de emendas às Constituições Estaduais.
Os três estados tornariam a legislação mais rigorosa quanto o aborto.
Em Dakota do Norte, os eleitores podem aprovar uma medida que tornará o estado o primeiro dos EUA a reconhecer que toda a vida – não interessa o seu estágio de desenvolvimento – “deve ser reconhecida e protegida”.
No Colorado, a nova lei pretende expandir os direitos dos fetos dentro do sistema legal do Colorado. Os esforços para que a medida seja aprovada foram batizados de “Brady” – em referência a um acidente onde uma gestante foi atingida por um motorista bêbado. O bebê – que não havia nascido – morreu, mas o motorista não foi acusado porque o Colorado não considerava um feto como sendo uma vida.
Já no Tennessee, o efeito da votação é mais abstrato: os eleitores vão escolher se dão ou não aos legisladores mais autonomia para modificar leis sobre o aborto no estado, mas nada acontecerá imediatamente.