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Pesquisa com mosquitos visa reduzir transmissão da dengue

26/09/2014
Pesquisa com mosquitos visa reduzir transmissão da dengue

 mosquito-dengue-0   A liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, no bairro de Tubiacanga, na Ilha do Governador (Rio de Janeiro), marcou o início da fase de estudos de campo do projeto ‘Eliminar a Dengue: Desafio Brasil’ da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Além de apoio técnico, o Ministério da Saúde já investiu R$ 1,7 milhão no estudo.
Semanalmente, os pesquisadores liberarão cerca de 10 mil mosquitos no bairro, em um período de três a quatro meses. O projeto propõe o uso de uma bactéria naturalmente encontrada no meio ambiente, inclusive no pernilongo, chamada Wolbachia. Quando presente no Aedes, ela é capaz de impedir a transmissão da dengue pelo mosquito. Estudos de larga escala estão previstos para 2016 em outras localidades do Rio de Janeiro.
O diretor de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Antônio de Carvalho – que representou o Ministério na solenidade de início da fase de estudos – ressaltou a importância de pesquisas para saúde do Brasil. “Este projeto é uma demonstração clara da relevância do desenvolvimento de ciência e tecnologia para a saúde do país”, afirmou o diretor. Ele lembrou que o estudo irá contribui, de maneira significativa, para a redução da doença.
De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, o Ministério da Saúde vem apoiando o projeto ‘Eliminar a Dengue: Desafio Brasil’ para que o país possa ter novas tecnologias e estratégias capazes de aperfeiçoar a prevenção e o controle da dengue. “A primeira liberação dos mosquitos com Wolbachia é mais um passo importante deste projeto. Acompanharemos de perto todos os resultados”, afirmou o secretário.
A pesquisa é inédita no Brasil e na América Latina. O estudo já foi realizado, com sucesso, na Austrália, Vietnã e Indonésia. Pesquisador da Fiocruz e líder do projeto no Brasil, Luciano Moreira, está otimista com os próximos passos do projeto. “Estamos diante de uma estratégia científica inovadora e segura, que poderá contribuir para o controle da dengue e para a melhoria da saúde da população”, avalia.
Inicialmente, os pesquisadores vão avaliar a capacidade dos mosquitos com Wolbachia de se estabelecerem no meio ambiente e se reproduzirem com outros mosquitos que já existem no local. O projeto propõe uma abordagem natural, segura, sustentável e de longo prazo. Após o estabelecimento de Aedes aegypti com Wolbachia no ambiente, a bactéria é transmitida naturalmente para as gerações seguintes de mosquitos.
Para reduzir o incômodo da população, antes do início da liberação dos mosquitos com Wolbachia, os pesquisadores, em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, realizaram uma etapa chamada de supressão dos criadouros.
Os testes de campo no Brasil foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) após rigorosa avaliação sobre a segurança para a saúde e para o meio ambiente.
O projeto ‘Eliminar a Dengue: Desafio Brasil’ integra o esforço internacional sem fins lucrativos do Programa ‘Eliminate Dengue: Our Challenge’ (Eliminar a Dengue: Nosso Desafio). No Brasil, o projeto tem financiamento da Fiocruz, Ministério da Saúde (Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS e Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos – DECIT/SCTIE), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e CNPq. A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro atuam como parceiros locais na implantação do projeto.